Meio ambiente e energia

Sindicalista critica condições de trabalho nas indústrias de celulose

23/05/2017 - 20:20  

Lúcio Bernardo Junior/Câmara dos Deputados
Audiência Pública e Reunião Ordinária
A audiência foi solicitada e presidida pelo deputado Nilto Tatto

Representante de trabalhadores de indústrias de papel e celulose criticou, na Câmara, as condições de trabalho e os salários pagos no setor.

Presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Papel do Sul da Bahia, Silvânio Alves participou de debate na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável sobre os impactos econômicos, sociais e ambientais da produção de papel no Brasil.

Ele afirmou que a monocultura do eucalipto é economicamente inviável, ambientalmente incorreta e socialmente injusta para os municípios que realizam a plantação. Segundo Alves, apesar dos altos lucros das empresas, as condições de trabalho ainda deixam muito a desejar.

"As atividades no plantio, na silvicutura, são consideradas de qualidade inferior e têm remuneração inferior, com o trabalhador ganhando praticamente um salário mínimo de empresas como a Fibria, que é simplesmente a maior produtora de celulose do mundo, e a Suzano, a segunda maior produtora. Não se justifica que empresas desse porte tenham trabalhadores nessas condições."

O plantio de eucalipto transgênico foi um problema apontado por Marcelo Mendes, presidente da Federação Estadual de Trabalhadores na Indústria de Papel e Celulose. Segundo ele, é preciso que as empresas abram um canal de diálogo com os trabalhadores, principalmente sobre essa questão.

Certificação
O coordenador de Certificação Florestal do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), Ricardo Camargo Cardoso, explicou que no Brasil não existe eucalipto transgênico para uso comercial, apenas para pesquisas e testes.

"Os transgênicos são permitidos em escala reduzida e experimental, no máximo. Isso já foi uma concessão depois de muito debate dentro do sistema de certificação, portanto os transgênicos hoje, em termos comerciais, não são admitidos dentro da certificação", disse.

Diretor-executivo da Indústria Brasileira de Árvores, Marcilio Caron  afirmou que 100% das indústrias de celulose, atualmente, trabalham com florestas certificadas.

Para o deputado Nilto Tatto (PT-SP), que solicitou a audiência, o debate foi importante para que os deputados conheçam a realidade do setor. "Há problemas para resolver nessa indústria que tem um potencial de expansão muito grande. É uma questão de definirmos onde e como, do ponto de vista ambiental, do ponto de vista do uso do solo, e de uma melhoria nas relações entre trabalhadores e empresas." 

Reportagem - Karla Alessandra
Edição - Rosalva Nunes

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