Meio ambiente e energia

Movimento de quebradeiras de coco analisa mapa da região ecológica dos babaçuais

Trabalhadoras pedem garantia do acesso ao babaçu que está sendo ameaçado pela chegada da soja, da cana-de-açucar e do eucalipto nestas regiões.

10/08/2015 - 20:53  

Dep. Nilto Tatto e Dep. Conceição Sampaio
Tatto: as quebradeiras pediram que seja desarquivado projeto de lei de 2007 que garante a preservação do babaçu, fundamental para a sobrevivência delas.

Representantes do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco-Babaçu se reuniram nesta segunda-feira na Câmara dos Deputados. Elas participaram de audiência pública para a apresentação do Mapa da Região Ecológica dos Babaçuais dos estados do Piauí, Tocantins, Maranhão e Pará.

O mapa do babaçu faz parte do projeto Cartografia Social da Amazônia que tem por objetivo mapear a região a partir dos dados apresentados pelos povos e comunidades tradicionais na Amazônia.

Segundo os dados do mapa, nos quatro estados, existem hoje mais de 25 milhões de hectares de babaçuais, com diferentes densidades. O babaçu é fonte de renda para mais de 300 mil mulheres.

A coordenadora nacional do movimento, Francisca da Silva Nascimento, afirmou que é preciso garantir o acesso ao babaçu que está sendo ameaçado pela chegada da soja, da cana-de-açucar e do eucalipto nestas regiões. "A gente tem que ter o livre acesso aos babaçuais. Se a gente não conseguir ter o livre acesso e uma lei para que a gente tenha um livre acesso, a gente corre um grande risco de perder esses babaçuais."

O deputado Nilto Tatto (PT-SP) destacou que as quebradeiras de coco esperam que sua atividade seja reconhecida em todo o território nacional, protegendo assim os babaçuais. "Elas também pediram que seja desarquivado um projeto de lei de 2007 (PL 231/07) que garante a preservação do babaçu, que é fundamental para a atividade econômica e sobrevivência delas."

Sobrevivência das quebradeiras
A professora da Universidade Federal do Pará Jurandir Santos de Novaes afirmou que o babaçu não está em extinção e pode continuar garantindo a sobrevivência de milhares de pessoas, desde que seja preservado e as quebradeiras tenham acesso aos babaçuais.

"Quando as áreas são desmatadas, essa espécie se fortalece. Comparativamente as pesquisas anteriores realizadas no âmbito do mesmo projeto, em 2005 e em 2010, apontam que o babaçu ele está se expandindo."

Uso do babaçu
O lenho do babaçu é usado na construção de casas, enquanto as folhas são utilizadas na cobertura, nas paredes, nas portas e nas janelas. O leite do babaçu e o óleo extraído de suas amêndoas são usados na alimentação; da casca do coco é produzido carvão. A palha, por sua vez, é utilizada para a produção de artesanato. A partir do óleo também se produz sabonete.

É uma palmeira muito comum no Maranhão, Piauí, Ceará, Pará, Mato Grosso e Tocantins e pode atingir até 20 metros de altura.

Reportagem - Karla Alessandra
Edição – Regina Céli Assumpção

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