Meio ambiente e energia

Ambientalista condiciona transposição do São Francisco à revitalização do rio

14/07/2015 - 20:04  

O ambientalista Soter Magno afirmou, nesta terça-feira (14), que a transposição do rio São Francisco só será eficiente caso a revitalização do rio ocorra ao mesmo tempo. Ele participou de audiência pública promovida pela comissão externa da Câmara dos Deputados que avalia a transposição.

Segundo Magno, diversos afluentes que desaguavam no "Velho Chico" acabaram secando nos últimos anos, e as matas ciliares nas margens estão cada vez mais escassas. O ambientalista apontou, porém, que o principal problema está na má gestão pública dos recursos hídricos, em conjunto com a ação descuidada de empresários do agronegócio.

Alex Ferreira / Câmara dos Deputados
Seminário sobre os atos, fatos relevantes, normas e procedimentos referentes às obras do Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional, com a apresentação do Projeto Vidas Áridas, que atua despertando a consciência da sociedade civil, das responsabilidades políticas e das instâncias governamentais para as diversas questões que envolvem a seca e o Rio São Francisco. Dep. Raimundo Gomes De Matos (PSDB-CE)
Raimundo Gomes de Matos: é preciso garantir a preservação e a revitalização de todo o rio, das margens à foz

"Por que o São Francisco está morrendo? Isso ocorre porque gestões anteriores do governo federal acabaram avalizando fazendeiros e grandes empresários a desmatarem e a plantarem eucalipto na beira do rio, por exemplo”, declarou. Magno salientou que não é contrário à silvicultura de eucalipto em si, mas, sim, contra a forma como a atividade vem se desenvolvendo, com anuência do Estado.

Preocupação
O coordenador da comissão externa, deputado Raimundo Gomes de Matos (PSDB-CE), também está preocupado com a futura situação do rio São Francisco. O parlamentar ressaltou que o problema tem afetado a pesca em muitas áreas do Nordeste, bem como o desenvolvimento da indústria têxtil na região.

Gomes de Matos também entende que a transposição não será eficiente se a revitalização não ocorrer. "A obra física é importante, bem como o canal e a engenharia. O mais relevante, no entanto, é garantirmos a preservação e a revitalização de todo o eixo do rio, das margens até a sua foz”, disse. “Caso contrário, corremos o risco de futuramente termos um canal vazio", alertou.

Segundo o ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi, o Executivo deverá investir R$ 130 milhões na revitalização do São Francisco neste ano. Até junho, os aportes somaram R$ 36 milhões.

Reportagem – Pedro Campos
Edição – Marcelo Oliveira

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