Meio ambiente e energia

Professor defende medidas de prevenção à seca além da transposição do São Francisco

23/04/2015 - 18:05  

Alex Ferreira / Câmara dos Deputados
Audiência pública sobre a segurança hídrica, no contexto do Projeto da Transposição do Rio São Francisco. Coordenador da Pós-Graduação em Engenharia Civil - Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental da Universidade Federal do Ceará, Francisco de Assis de Souza Filho
Comissão externa da Câmara dos Deputados que acompanha as obras de transposição do rio São Francisco debateu segurança hídrica.

O professor adjunto do departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da Universidade Federal do Ceará Francisco de Assis de Souza Filho afirmou hoje, em audiência na Câmara, que a estocagem e a transferência devida da água são importantes na transposição do rio São Francisco, mas ressaltou que também são necessárias medidas de prevenção à seca.

"Mesmo com a transposição do São Francisco, haverá episódios de seca em várias regiões do Nordeste e nós precisamos estar preparados para isso através da utilização de planos de gestão de secas”, disse o professor durante audiência da comissão externa que acompanha as obras de transposição do São Francisco.

“Mesmo com a infraestrutura, e a infraestrutura é essencial e fundamental para que nós tenhamos segurança, nós precisamos de uma atividade a mais, que é exatamente gerenciar secas e episódios de eventos extremos", acrescentou.

Política nacional
De acordo com ele é preciso que o Brasil tenha uma política nacional de secas que seja aplicada em todo o País, e não apenas no Nordeste. "O Brasil vai precisar gerenciar melhor essa questão do risco climático, como, por exemplo, ter planos de gestão de secas para as cidades acima de 100 mil habitantes, no primeiro momento, e depois acima de 50 mil habitantes, no segundo momento”, destacou.

“Porque secas vão acontecer no Sul e no Sudeste do País e no Nordeste do Brasil. Uma transposição como a que acontece no São Francisco, ela acontece em outros estados brasileiros e ela é extremamente importante para reduzir os riscos, mas ainda há riscos que vão precisar ser gerenciados e a gente precisa planejar essa intervenção", afirmou.

Francisco Filho comentou também qual será a consequência caso a transposição, que já se estende há mais de 10 anos, não seja concluída em breve. Segundo o professor, se o ano que vem for seco, algumas áreas metropolitanas importantes do Nordeste vão ficar extremamente vulneráveis.

Saneamento básico
O autor do pedido de criação do colegiado, deputado Raimundo Gomes de Matos (PSDB-CE), afirmou que a vinda do professor reforçou a necessidade de que seja discutido qual será o destino do esgoto das cidades que não possuem saneamento básico e que serão atendidas pelo rio após a transposição.

"Por onde esse canal vai passar, as cidades não têm nenhum projeto de seu saneamento. Finda colocando dejetos, os seus esgotos, no canal, no rio e isso vai poluir a água”, alertou o parlamentar.

“Então é preciso o governo integrar os ministérios da Saúde, das Cidades, do Meio Ambiente e da Integração Nacional, além da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), para que haja a concretude e essa intersetorialidade desses investimentos que são importantes para o Nordeste brasileiro", ressaltou.

Nascentes
O parlamentar disse ainda que a comissão vai até a nascente do rio São Francisco, em Pirapora, no estado de Minas Gerais, para verificar se a informação divulgada pela imprensa de que o volume de água na nascente está diminuindo é verídica. Para o deputado, além do transporte da água, é importante que haja a revitalização das margens do rio.

Reportagem – Lucas Ludgero
Edição – Newton Araújo

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