Economia

Sindicalistas dizem que mudanças na exploração de petróleo podem gerar desemprego

30/03/2017 - 16:03  

Antonio Augusto / Câmara dos Deputados
Comissão geral destinada a debater as regras de conteúdo local para petróleo e gás no brasil. Dep. Davidson Magalhães (PCdoB-BA)
A comissão geral sobre petróleo e gás foi solicitada pelo deputado Davidson Magalhães

Participantes da comissão geral que discute as mudanças promovidas pelo governo federal na política de conteúdo local para exploração de petróleo e gás no Brasil criticaram a decisão de reduzir os percentuais de participação da indústria nacional no setor.

Segundo sindicalistas, a medida vai agravar a situação de desemprego na indústria naval e em diversos municípios que têm nela sua principal fonte econômica.

O presidente da Federação Interestadual de Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil (Fitmetal), Marcelino da Rocha, fez um apelo às autoridades para que não deem continuidade ao “processo de desindustrialização” nacional.

Menos vagas
Vice-presidente do Sindicato Nacional da Construção e Reparação Naval (Sinaval), Fernando Barbosa apontou uma redução de aproximadamente 50 mil vagas nos postos de trabalho no setor em todo o País em decorrência da crise econômica, passando de 82 mil empregados, em 2014, para 33 mil, em fevereiro deste ano.

Barbosa lamentou que investimentos vultosos tenham sido feitos em novas fábricas, a partir de 2004, para que agora o País padeça com “quedas brutais" no emprego.. “Foram investidos aproximadamente R$ 25 bilhões, financiados pelo Fundo da Marinha Mercante, sendo que a iniciativa privada colocou mais de R$ 5 bilhões de capital próprio nesses investimentos. Diversos estaleiros foram feitos em vários estados, ao longo da costa”, observou.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso Dias Cardoso, também avaliou que a capacidade de gerar empregos do setor poderá ser perdida em decorrência da política anunciada pelo governo. “Nosso setor tem potencial para gerar mais de 1,5 milhão de empregos e isso será perdido. Além de não criar, existe possiblidade de perder mais", alertou. Segundo ele, a indústria nacional de máquinas é capaz de gerar R$ 33,3 bilhões e 282 mil empregos para cada R$ 10 bilhões investidos.

Para Cardoso, o Brasil deve seguir o exemplo da Noruega e do Reino Unido, países que, mesmo com redução na produção de óleo bruto, conseguiram desenvolver o setor investindo em uma indústria forte, que não produz apenas petróleo e gás, mas também máquinas, tubos, plataformas e outros componentes. “Eles não exportam mais petróleo, mas máquinas e equipamentos e é nesse mercado que as companhias internacionais estão de olho”, afirmou.

Engenheiros
O representante da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), Artur Araújo, disse que a política de redução de conteúdo nacional poderá custar o emprego de 5 mil engenheiros. “Esse sinal que foi dado pelo governo e pela Petrobras, o que é mais grave, terá um custo para o País de 5 mil engenheiros dos mais capacitados. Isso não significa só 5 mil pessoas, 5 mil famílias. O que se perde violentamente é a capacidade de pensar. Há dispersão de conhecimento, desmonte de equipes, em nome de abrir de forma irresponsável o setor ao mercado externo”, criticou Araújo.

Reportagem - Noéli Nobre e Murilo Souza
Edição - Rosalva Nunes

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