Economia

Comissão vai discutir com especialistas prazo para registro de patentes

29/11/2016 - 09:22  

A Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços promove hoje (29) audiência pública para discutir o Projeto de Lei 3406/15. A proposta altera a Lei 9.279/96, para definir prazo máximo para o exame de pedidos de registro de marcas e de patentes.

O deputado Helder Salomão (PT-ES), que solicitou o debate, assinalou que apesar de legítimo o intuito de querer que os exames de patentes e de marcas sejam analisados no prazo máximo de 180 dias contados do depósito no Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (Inpi), o projeto não deve solucionar os problemas enfrentados pela instituição.

“Muito pelo contrário. Esse exame ultrarrápido, que nem em países mais evoluídos acontece, iria colocar pás de cal e institucionalizar o caos no Inpi, vez que os exames seriam feitos às pressas e sem a devida atenção necessária. O Inpi passaria a ser um órgão meramente carimbador. Muitos pedidos temerários provavelmente passariam a ser concedidos, em desrespeito à livre concorrência - já que a patente dá ao suposto inventor um monopólio jurídico exclusivo de exploração ampla e total pelo prazo de 20 anos.”

Hoje o prazo para exame de patentes é superior a 12 anos. “Reduzir esse prazo em 24 vezes, por meio de um artifício legal, trará mais prejuízos do que benefícios à inovação do Brasil. Empresas estrangeiras seriam beneficiadas, vez que cerca de 85% dos pedidos de patentes vêm do exterior. E dos restantes 15%, muitos são de empresas de capital estrangeiro com CNPJ em nosso País.”

Cópia lícita
O parlamentar ainda falou sobre o mecanismo da cópia lícita, que considera essencial para o desenvolvimento tecnológico. “Foi assim, por meio das cópias lícitas, que a Holanda desenvolveu sua indústria química. Copiando sua vizinha, Alemanha. Para tanto, a Holanda aboliu sua lei de patentes por 47 anos. Depois de ter livremente copiado as inovações alemãs, aí sim passou a conceder patentes. Não podemos abolir nossa lei de patentes. Tanto porque a OMC [Organização Mundial do Comércio] não permitiria, como porque não seria prudente.”

Salomão acrescentou que a proposta não garantiria um Inpi mais funcional. “Aliás, o penúltimo presidente do Inpi, Otávio Brandelli, fez diversas propostas para o quadro funcional da autarquia, justamente para que os examinadores do instituto sejam tratados com prioridade e como quadros de Estado, e não de governo.

Convidados
Participam do debate:
- o diretor do departamento do Mercosul do Ministério de Relações Exteriores, Otávio Brandelli;
- a coordenadora de Propriedade Intelectual da Anvisa, Mônica Fontes Caetano;
- o presidente do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi), Luiz Otávio Pimentel;
- a técnica de Planejamento e Pesquisa da Diretoria de Estudos e Políticas Setoriais de Inovação, Regulação e Infraestrutura do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Graziela Ferrero Zucoloto;
- analista de Políticas e Indústria da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Fabiano Barreto;
- presidente da Associação dos Funcionários do Inpi (Afinpi), Fernando Feruti;
- o vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Química Fina, Biotecnologia e suas Especialidades (Abifina), Reinaldo Guimarães;

- a diretora Jurídica da Interfarma Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), Tatiane Schofield;
- a assistente técnica para assuntos legislativos do Grupo de Trabalho sobre Propriedade Intelectual (GTPI), Andresa Porto.

A reunião está marcada para as 14h30, no plenário 5.

Da Redação - RCA

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