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Deputados criticam explicação de consultoria de obra em estádio da Copa 2014

Críticas foram feitas durante audiência da CPI da Máfia do Futebol que investiga superfaturamento de obras em estádios. Presidente da CPI também anunciou convocação de ex-presidente da CBF.

05/07/2016 - 19:59   •   Atualizado em 05/07/2016 - 21:45

Antonio Augusto / Câmara dos Deputados
Audiência Pública e Reunião Ordinária
Márcio Alves (D) afirmou que desconhece motivos que levaram ao aumento dos custos da reforma da Arena da Baixada, em Curitiba

Deputados criticaram, nesta terça-feira (5), o depoimento do diretor-geral da MCA Auditoria e Gerenciamento, Márcio Alves, empresa responsável pelo acompanhamento de contratos da reforma da Arena da Baixada, estádio em Curitiba (PR) onde foram realizados jogos da Copa do Mundo de 2014.

As críticas foram feitas durante reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Máfia do Futebol sobre superfaturamento em obras de estádios para a Copa do Mundo de 2014 e que ouviu o diretor.

“O senhor não sabe de nada e a impressão que nos passa é que foi contratado por R$ 3 milhões apenas para avalizar o que o clube [Atlético Paranaense] e a PricewaterhouseCoopers (PwC) faziam. O senhor teve que ler no papel para dizer o que a sua empresa fazia”, criticou o deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA).

Jordy disse ser impossível que o empresário desconheça os motivos que levaram a reforma do estádio ter um aumento de 112,5%, saindo dos R$ 184 milhões previstos para os R$ 391 milhões finais. “Se o senhor tinha de atestar as etapas de entrega, é impossível o senhor desconhecer”, afirmou o deputado.

Para o deputado Roberto Góes (PDT-AP), a MCA foi usada para avalizar o parecer que a PwC, auditora oficial da reforma da Arena da Baixada, enviava ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para liberação de recursos. Do total gasto na reforma, o banco financiou R$ 131 milhões. “O senhor foi usado duas vezes, pela PwC e pelo clube. O senhor avalizou o dobro de uma obra e a sua empresa não recebeu nada sobre isso”, acusou Góes.

O deputado Major Olímpio (SD-SP) disse ter estranhado o fato de a empresa “sequer alertar” o clube ou a consultoria sobre o aumento de custos e valores na obra.

Gerenciamento contratual
A MCA auditoria, segundo Alves, foi contratada pelo Atlético Paranaense para administrar os demais contratos. “Recebíamos quantitativos das obras da arquitetura, planilhas da área de suprimento do clube. Fazíamos todo o acompanhamento desses contratos no campo e fazíamos também o acompanhamento da performance das construtoras contratadas”, explicou.

De acordo com Alves, os técnicos da MCA subsidiavam a PwC com informações sobre o andamento das obras para elaboração de relatórios de auditoria da execução dos contratos. “Não eram abertas para nós essas informações sobre o financiamento [do BNDES]. Era a diretoria do clube que cuidava diretamente do financiamento.”

Documentação
O presidente do colegiado, deputado Laudívio Carvalho (SD-MG), deu dez dias para a MCA enviar os documentos do trabalho feito na Arena da Baixada. Segundo ele, a medida foi para feita para subsidiar os deputados com informações e talvez dispensar a necessidade de uma acareação entre representantes da consultoria, do Atlético Paranaense, da PwC e do BNDES. Vários deputados solicitaram a acareação, mas não chegou a ser votado requerimento sobre o tema.

Para o relator na comissão, deputado Fernando Monteiro (PP-PE), a acareação só será necessária se a documentação enviada por Alves não for suficiente. “Ele ficou de enviar os documentos planilhados. Aí vamos entender e poder inquirir as pessoas certas que realmente fizeram esse possível desvio feito na Arena da Baixada”, disse

O outro convidado, o presidente da Via Engenharia S/A (uma das empresas que integrou o consórcio que reformou o Mané Garrincha em Brasília), Márcio Queiroz, justificou sua ausência e deverá comparecer em outra data, segundo Carvalho.

O deputado Delegado Edson Moreira (PR-MG), que pediu a realização da audiência, buscou explicações sobre o processo licitatório, o acompanhamento da obra e a planilha de custo dos estádios construídos para a Copa do Mundo de 2014.

Convocação
Antes da audiência, o presidente da CPI, deputado Laudívio Carvalho, informou que o ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, foi convocado, como investigado, a comparecer ao colegiado em 19 de julho.

Teixeira, investigado nos Estados Unidos e na Suíça por suposto envolvimento com o esquema de corrupção na Federação Internacional de Futebol (Fifa), já deixou de ir a uma audiência da comissão em 14 de junho.

Ricardo Teixeira foi presidente da CBF por mais de 20 anos (1989 a 2012) e deve depor como convocado para explicar, por exemplo, as denúncias de recebimento de propina em contratos de marketing esportivo, além de irregularidades na campanha que levou o Brasil a sediar a Copa do Mundo em 2014.

Em junho, advogados do ex-dirigente apresentaram à CPI um atestado médico que informava sobre a internação de Teixeira no Hospital Israelita Albert Eintein, em São Paulo, na segunda-feira, para a realização de uma cirurgia.

Reportagem – Tiago Miranda
Edição – Mônica Thaty

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