Educação, cultura e esportes

Comissão externa da Câmara vai aos EUA acompanhar investigação sobre a Fifa

28/05/2015 - 14:27   •   Atualizado em 28/05/2015 - 14:38

Enquanto o senador Romário (PSB-RJ0 e o deputado João Derly (PCdoB-RS) articulam a criação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) mista sobre o escândalo na Federação Internacional de Futebol (Fifa), a Comissão do Esporte da Câmara dos Deputados aprovou nesta quinta-feira (28) a criação de uma comissão externa para ir aos Estados Unidos acompanhar as investigações da Justiça norte-americana sobre as denúncias de corrupção envolvendo o ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol, José Maria Marin, um dos presos. A CPI do Senado sobre o tema já foi lida em Plenário, mas, segundo o presidente da Comissão de Esporte da Câmara, deputado Márcio Marinho (PRB-BA), ainda há condições de que a CPI seja mista.

Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados
Audiência pública sobre o Legado Esportivo dos Jogos Olímpicos. Dep. Andres Sanches (PT-SP)
Andrés Sanchez: é um momento para a gente passar tudo a limpo

Também foi aprovado convite para uma audiência pública com o atual presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Marco Polo Del Nero, e os dirigentes esportivos Ricardo Teixeira e Kléber Leite.

A polícia da Suíça prendeu em Zurique, na sede da Fifa, sete dirigentes da entidade acusados de corrupção. Também foi anunciada uma investigação criminal sobre a escolha das sedes das duas próximas Copas do Mundo - Rússia em 2018 e Qatar em 2022.

Contrato da CBF
A investigação é da Justiça norte-americana, que também apurou irregularidades em contrato da CBF com uma empresa de fornecimento de material esportivo e na compra de direitos de transmissão por agências de marketing esportivo de vários campeonatos, inclusive a Copa do Brasil.

O deputado Andrés Sanchez (PT-SP), ex-presidente do Corinthians, disse que esse pode se transformar em um bom momento para o futebol brasileiro: "É muito difícil para nós, que estamos no meio do futebol, mas é um momento também para a gente passar tudo a limpo. Ver até onde os clubes foram prejudicados, até onde os atletas foram prejudicados com todas estas coisas da Copa América, Libertadores, Copa do Brasil. Temos que tirar tudo isso a limpo".

R$ 500 milhões
O deputado Silvio Torres (PSDB-SP) afirmou que a CBF sempre resistiu às tentativas de investigar seus contratos. Ele disse que apresentou um projeto (PL 1429/07) para tornar a seleção brasileira patrimônio cultural com um objetivo específico.

Gabriela Korossy / Câmara dos Deputados
Audiência pública sobre a participação da Delegação Brasileira no XVII Jogos Pan-americanos e Parapan-americanos de Toronto 2015, bem como tratar da delegação Brasileira e as instalações Olímpicas e os preparativos e os treinamentos de modalidades desportivas brasileiras para os Jogos Olímpicos de 2016. Dep. Sílvio Torres (PSDB-SP)
Sílivio Torres: a CBF tem o monopólio da exploração comercial da seleção brasileira, faturou mais de R$ 500 milhões em 2014 e não presta contas de nada

"Para que através dele nós pudéssemos permitir que o Ministério Público auditasse, acompanhasse os contratos bilionários que a CBF faz em nome da seleção brasileira ou se utilizando dela”, destacou o parlamentar.

“A CBF, só no ano de 2014, faturou mais de R$ 500 milhões. Não presta contas de nada, não devolve nada disso", acrescentou Sílvio Torres. "Tem o monopólio da exploração comercial da seleção brasileira e ainda alega que qualquer iniciativa nossa vai fazer com que a Fifa intervenha no futebol brasileiro e que nos tire dos campeonatos."

Informações à embaixadora
O relator da medida provisória (MP 671/15) que reestrutura as dívidas dos clubes, deputado Otávio Leite (PSDB-RJ), também anunciou que pediu informações à embaixadora dos Estados Unidos, Liliana Ayalde.

"Queremos informações mais detalhadas sobre esse contexto criminoso, justamente para identificar se haverá um alcance, se a operação desta rede mafiosa se estendeu ao futebol brasileiro”, ressaltou o parlamentar. “Estamos todos perplexos com o que está acontecendo. Todas as medidas têm que ser tomadas porque não há mais espaço para corrupção ou para qualquer coisa que fique em caixa preta."

CPI da Nike
Entre 2000 e 2001, foi realizada uma CPI para investigar contratos de patrocínio da Nike à seleção brasileira. O relatório da comissão tinha mais de 600 páginas, mas acabou não sendo aprovado.

Reportagem – Sílvia Mugnatto
Edição – Newton Araújo

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