Educação, cultura e esportes

Árbitros reclamam da falta de profissionalização da categoria

06/05/2015 - 20:07  

Laycer Tomaz/Câmara dos Deputados
Audiência Pública. Presidente  da Associação Nacional dos Árbitros de Futebol, Marco Antonio Martins
Marco Martins: existem de 80 a 100 mil árbitros espalhados sem carteira assinada, vínculo empregatício, direitos sociais, aposentadoria ou remuneração fixa.

A audiência pública, realizada nesta quarta-feira (6) pela comissão mista que analisa a MP 671/15 (MP do Futebol, que refinancia dívidas fiscais de clubes), também tratou das condições de trabalho dos árbitros de futebol.

O presidente da Associação Nacional dos Árbitros de Futebol (Anaf), Marco Antônio Martins, denunciou que sua categoria é frequentemente excluída das discussões sobre os rumos do futebol e que a realidade trabalhista e salarial dos profissionais da arbitragem é precária. “Existem de 80 a 100 mil árbitros espalhados pelo País sem carteira assinada, vínculo empregatício, direitos sociais, aposentadoria ou remuneração fixa. O Campeonato Brasileiro movimenta bilhões de reais e a arbitragem não tem acesso a quase nada. Os 20 árbitros de nível Fifa conseguem sobreviver da profissão, todos os outros têm que ter outro emprego.”

O árbitro profissional Sandro Meira Ricci, que trabalhou na Copa do Mundo de 2014, apresentou dados à comissão sobre a disparidade entre a situação dos juízes brasileiros e a de seus pares em outros países, onde o ofício é regulamentado. Segundo explicou, enquanto os árbitros europeus recebem salários de R$ 200 mil anuais em média, os brasileiros ganham apenas por jogo trabalhado, e dependem de sorteios para serem escalados para as partidas.

Condições de trabalho
Ricci e Martins questionaram também as condições de trabalho dos árbitros, que atuam sob pressão e têm responsabilidades sobre os resultados das partidas, que mexem com o planejamento e o resultado financeiro dos clubes. Eles demandam maior autonomia do setor para que os árbitros possam ter descanso adequado entre jogos, treinamento específico constante e preparação psicológica.

O presidente da Anaf esclareceu que a principal reivindicação da categoria é a independência das federações estaduais, às quais as comissões de arbitragem são subordinadas atualmente. Em seu ponto de vista, isso permitiria a melhoria da situação trabalhista. “Nosso maior pedido é que a arbitragem cuide da sua área. Somos preparados para isso. Se as federações não querem assinar a carteira, não tem problema, deixem que nós mesmos nos organizamos”, resumiu.

O deputado Evandro Rogério Roman (PSD-PR), que foi árbitro profissional, é autor de uma emenda à MP que destina 5% da arrecadação com direitos de transmissão das partidas de futebol para os árbitros que atuarem nelas. Ele propõe que a categoria receba mais atenção das autoridades políticas e do futebol. “Buscamos a regulamentação da profissionalização. Tentamos encontrar uma forma de que pelo menos os árbitros da primeira divisão tenham um nível adequado de investimento, cobrança, reciclagem e acompanhamento”, disse.

Próximas audiências
A comissão mista realizará mais duas audiências públicas na próxima terça-feira(12), e na quarta-feira (13). Ambos os encontros serão às 14h e se destinarão a ouvir representantes de clubes de todas as divisões do Campeonato Brasileiro.

Na terça-feira a comissão receberá representantes de equipes da primeira e da quarta divisões. No mesmo dia, representantes dos clubes de futebol feminino poderão falar à comissão. Na quarta-feira será a vez dos clubes da segunda e da terceira divisões. A comissão ainda definirá quais clubes representarão o coletivo das agremiações.

Entenda a tramitação de medidas provisórias

Da Redação – RCA
Com informações da Agência Senado

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