Educação, cultura e esportes

Especialista da FGV diz que não falta dinheiro ao futebol, mas gestão eficiente

14/08/2014 - 18:58  

A Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte (PL 5201/13), anteriormente conhecida como Proforte, não vai resolver completamente o problema financeiro do futebol, na avaliação do professor Pedro Trengrouse, da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Especialista em Gestão Esportiva, ele defende mais financiamento estatal e responsabilização das confederações e federações nas dívidas dos clubes. “O problema do futebol brasileiro não é dinheiro, é de gestão”, disse Trengrouse.

O projeto, que está pronto para ser votado em Plenário, permite o parcelamento da dívida dos clubes que aceitarem modernizar seus sistemas de administração, com transparência das contas e até o rebaixamento dos clubes que permanecerem em dívida.

Trengrouse criticou o modelo de negócio do futebol que, segundo ele, concentra riqueza nas federações e empobrece os clubes. “No Rio de Janeiro, no campeonato estadual, nos 120 jogos da primeira fase, os clubes tiveram um prejuízo acumulado de R$ 500 mil, enquanto a federação arrecadou R$ 800 mil nesses mesmos jogos”, disse. Por isso, ele defende que as federações também sejam cobradas pelas dívidas dos clubes.

Para o especialista da FGV, a proposta estabelece mudanças positivas, mas não será suficiente para resolver o problema do futebol. Ele defende maior financiamento governamental do esporte. “É preciso inovar, talvez criar fundações que permitam que esses clubes busquem no poder público, através de convênios, emendas, a independência necessária para que o esporte olímpico possa se viabilizar”, disse.

Gestão responsável
Para o diretor da Associação Brasiliense de Cronistas Desportivos, Kleiber Beltrão, alguns pontos do projeto podem mudar os rumos da gestão do esporte no País. O texto proíbe, por exemplo, que os dirigentes antecipem recursos previstos para períodos posteriores ao término de sua gestão, sob pena de serem responsabilizados pessoalmente. “A grande maioria dos diretores dos clubes se candidatou a cargos políticos depois de assumir a direção de um grande clube, então, deixavam sempre o rombo para os que vinham a seguir”, criticou.

Além disso, o projeto torna obrigatória a publicação da contabilidade dos clubes de forma padronizada. Segundo o relator do texto, deputado Otavio Leite (PSDB-RJ), a intenção é dar transparência à situação financeira dos clubes. “Uma vez padronizado, impedirá os escamoteamentos, as formas oblíquas contábeis que impedem enxergar a real situação financeira do clube”, declarou.

Reportagem – Maria Neves
Edição – Pierre Triboli

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