Educação, cultura e esportes

Debatedores pedem investimentos nos aspectos sociais do esporte

11/05/2010 - 19:48  

Saulo Cruz
No seminário, foram debatidos temas como a contribuição do esporte para o desenvolvimento humano.

O Brasil precisa aproveitar a proximidade da realização de grandes eventos esportivos, como a Copa do Mundo de Futebol, em 2014, e os Jogos Olímpicos de 2016, para investir no desenvolvimento dos valores educacionais e sociais do esporte e da educação física. Essa opinião foi manifestada por deputados e outros participantes do seminário "A Educação Física Escolar Especial, a Inclusiva e as Paraolimpíadas", realizado nesta terça-feira pela Comissão de Turismo e Desporto.

O presidente da Academia Olímpica Brasileira (AOB), Jorge Steinhilber, ressaltou que o Brasil deve aprender a tirar proveito do "tsunami" de eventos sediados no País. Steinhilber, que também preside o Conselho Federal de Educação Física (Confef), defendeu o papel do esporte na promoção da cidadania, e não simplesmente como meio de alcançar medalhas. Segundo ele, as escolas devem oferecer às crianças um tipo de educação que garanta saúde e conhecimento para elas se tornarem, sobretudo, "cidadãs plenamente incluídas no meio social."

Desenvolvimento
Na opinião do deputado Edinho Bez (PMDB-SC), a proximidade dos eventos poderá valorizar o esporte entre os brasileiros. "O esporte é uma ferramenta extraordinária de desenvolvimento humano", afirmou. Ele citou dados da Organização das Nações Unidas (ONU) mostrando que, para cada dólar investido na área, há quatro dólares de retorno.

Além de destacar a realização de eventos esportivos no Brasil como uma chance para um avanço no setor, o deputado Dr. Ubiali (PSB-SP) defendeu a capacitação de mais profissionais para a área de educação física.

Inclusão
O representante da Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Estado de São Paulo, Vanilton Senatore, citou um exemplo de como a experiência de um grande evento pode estimular mudanças. Segundo ele, após o retorno da delegação paraolímpica brasileira dos Jogos de Pequim, em 2008, foi criado em São Paulo o Comitê de Apoio ao Paradesporto, que ficou responsável pela formulação de um plano de ação para o setor.

Uma das primeiras conquistas do plano, de acordo com Senatore, foi implementar atividades de educação física para alunos com deficiência em escolas regulares do ensino médio e fundamental. "Antes, o aluno com baixa visão, problemas de audição ou outro tipo de deficiência ficava simplesmente dispensado das atividades", lembrou.

Senatore, que ajudou a elaborar o programa Olimpíadas Especiais, em 1985, destacou a inclusão de alunos com deficiência em eventos esportivos escolares. "Em 65 anos de jogos escolares no estado de São Paulo, nunca se soube da participação de um atleta com deficiência. Neste ano, o regulamento foi mudado e passou a incluir atletismo e tênis de mesa”, disse.

Educação precoce
Para a professora Jaqueline Duarte, do Centro de Ensino Especial nº 2 do Distrito Federal, o processo de inclusão e de desenvolvimento socioeducional de pessoas com deficiência precisa começar cedo.

Jaqueline, que desenvolve um trabalho com crianças de até três anos, acredita que o estímulo sensorial precoce é capaz de garantir melhores oportunidades de inclusão social. "Quando recebemos uma criança com nascimento prematuro, diagnosticada com necessidades especiais ou vulnerável e que tem atraso em seu desenvolvimento, o nosso objetivo é educacional e não terapêutico", disse a professora. Segundo ela, a principal meta é o desenvolvimento psicomotor, quase sempre com o uso de métodos lúdicos.

Prioridade
O deputado Paulo Henrique Lustosa (PMDB-CE) destacou a importância do Fundeb como forma de ampliar os recursos destinados à educação fundamental e infantil. Segundo ele, a educação regular deve ser prioridade em qualquer caso. "Não é porque uma criança tem grande potencial para o esporte que ela pode dispensar a educação formal", advertiu.

Reportagem - Murilo Souza
Edição - Rosalva Nunes

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