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Dirigentes de universidades relatam dificuldades para manter unidades fora das sedes

Eles participaram de seminário da Comissão de Educação da Câmara

19/06/2018 - 19:36  

Will Shutter/Câmara dos Deputados
Reunião Ordinária
Seminário da Comissão de Educação debateu a situação dos campi fora das sedes das Instituições Federais de Ensino

Em seminário na Comissão de Educação da Câmara nesta terça-feira (19), dirigentes de universidades de todo o País relataram dificuldades na gestão das unidades de ensino que estão fora das sedes. Os problemas principais são de infraestrutura, de recursos humanos e orçamentários. Uma enquete com 78 diretores mostra que 75% dos campi não têm estrutura apropriada para o ensino e em 83% faltam condições para a realização de pesquisas.

Segundo o diretor do campus da Universidade Federal de Juiz de Fora em Governador Valadares (MG), Peterson Andrade, há uma sensação generalizada de instabilidade. "Hoje a gente ouviu alguns colegas falando: 'Ah, não comprei casa na cidade porque o campus pode fechar'. Essa insegurança tem dificultado a fixação dos servidores", revelou.

Os problemas também passam pela questão salarial. O campus da Universidade Federal do Amazonas em Coari, a 400 km de Manaus, abriu 22 vagas para professores no curso de Medicina, mas nenhuma foi preenchida porque ninguém se dispôs a ganhar R$ 2.600 por 20 horas semanais de trabalho.

O Secretário de Educação Superior do Ministério da Educação (MEC), Paulo Barone, listou outros entraves, como a falta de infraestrutura de algumas cidades que recebem os campi e unidades que ficam a até mil quilômetros da sede. Ele também reconheceu problemas de gestão e obras paradas e disse que a estabilização desta primeira fase de interiorização do ensino superior ainda vai levar tempo.

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"Além da consolidação dos investimentos, será necessário certamente um prazo muito longo de consolidação, de maturação acadêmica dos nossos programas. Todos vocês entendem o que significa porque sabem que os tempos necessários para essa maturação são, por natureza, longos. O fenômeno acadêmico é um fenômeno de longa duração", argumentou.

Parlamentares e dirigentes das instituições reclamaram da Emenda Constitucional 95, que limita gastos pelos próximos 20 anos. Atualmente há 332 campi universitários: destes, 268 unidades estão fora das sedes. No caso dos institutos federais, são 41 instituições e 650 campi espalhados pelo país.

Expansão
Para o deputado Pedro Uczai (PT-SC), um dos coordenadores do seminário que discutiu o tema, apesar das dificuldades, essa grande rede já é motivo de comemoração.

"Eu prefiro ouvir de vocês os problemas que vocês têm nos campi, do que não ter campi". Eu prefiro ter problema com os trabalhadores e com os técnicos, porque tem trabalhadores e técnicos trabalhando em campus que não existiam. Então, esses problemas são fruto da expansão", declarou.

Durante o seminário, os dirigentes das instituições de ensino superior pediram que a subcomissão da Comissão de Educação que trata dos problemas dos campi fora das sedes continue seus trabalhos. O prazo já foi estendido até o final deste ano.

Reportagem - Cláudio Ferreira
Edição - Geórgia Moraes

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