Educação, cultura e esportes

Entidades de ensino e pesquisa defendem maior inserção de universidades no desenvolvimento regional

MEC propõe um direcionamento maior das carreiras universitárias a partir das agências de fomento

18/04/2018 - 15:30  

Cleia Viana/Câmara dos Deputados
Seminário Internacional Instituições de Ensino Superior e Desenvolvimento Regional: Parcerias, Iniciativas e Perspectivas
Durante o seminário foram anunciados os projetos iniciais de dois novos centros de desenvolvimento regional, no Distrito Federal e Triângulo Mineiro. O deputado Vitor Lippi (D), participou do ato de lançamento

Participantes de seminário internacional na Câmara defenderam nesta quarta-feira (18) a focalização das atividades das universidades no desenvolvimento regional e na integração com o setor produtivo. No seminário, foram lançados os projetos iniciais dos Centros de Desenvolvimento Regional (CDRs) do Distrito Federal e do Triângulo Mineiro.

Os CDRs foram incentivados pelo Cedes, Centro de Estudos e Debates Estratégicos da Câmara, e estão sendo geridos pelo Ministério da Educação. Eles têm justamente a função de concentrar os esforços das universidades em suas localidades. Já existem CDRs no Sudoeste Paulista; na região de Campanha, no Rio Grande do Sul; e em Campina Grande, na Paraíba.

Para o deputado Vitor Lippi (PSDB-SP), relator de estudo do Cedes sobre o assunto, a integração com a região traz muitas vantagens, como a criação de empresas juniores locais.
“Você encontra oportunidades aí de melhorar a incorporação tecnológica, melhorar os arranjos produtivos locais, contribuir para novas soluções para agregar valor aos produtos, melhorar a logística, melhorar o associativismo, melhorar a eficiência, reduzir gastos. Tem uma série de questões que podem ser feitas através da tecnologia, da metodologia”, afirmou Lippi.

Agências de fomento
O secretário de Educação Superior do Ministério da Educação, Paulo Barone, explicou que o governo pretende apresentar logo resultados dos cinco projetos iniciais de CDRs. Ele defendeu um direcionamento maior das carreiras universitárias por meio do financiamento das agências de fomento.

“Nós não podemos ter uma carreira cujo perfil seja puramente científico, que é o perfil dominante na carreira das nossas universidades federais brasileiras. Nós precisamos criar uma abertura maior, que não só valorize nesse perfil profissional atividades ligadas ao desenvolvimento das interações com a sociedade, especialmente com o setor produtivo, com as políticas públicas; mas também precisamos valorizar nos currículos acadêmicos dos nossos docentes tais atividades para fins do fomento a projetos em agências tradicionais”, observou Barone.

De acordo com Paulo Barone, outras regiões que devem ser contempladas são a Amazônia, a fronteira pelo lado Centro-Oeste e o semiárido nordestino.

Adalberto Carvalho, da Capes, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, disse que a pós-graduação no país ainda é muito centrada nas regiões Sul e Sudeste. Ele disse que pretende discutir agora uma maior valorização do item "inserção regional" nas avaliações dos cursos de pós-graduação brasileiros.

Empresas
Marcos Cintra, presidente da Finep, Financiadora de Estudos e Projetos do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, foi mais além. Ele defendeu que os CDRs não sejam apenas públicos.

“Não comecem com uma característica essencialmente pública. Não cometam esse erro. Criem um CDR que tenha uma participação inclusive societária da iniciativa privada. Criem CDRs que façam essa ponte entre a academia e a inovação, que é feita pelas empresas, tendo como objetivo a geração da sustentabilidade econômica que só o lucro consegue fazer”, disse Cintra.

Segundo Marcos Cintra, os CDRs de Israel, chamados de Escritórios de Transferência de Tecnologia, têm integração entre universidade e empresas privadas e hoje o país exporta tecnologia de ponta.

Vocação
O deputado Izalci Lucas (PSDB-DF) acredita que as regiões têm que descobrir as suas vocações e as universidades precisam seguir isso. “Nós somos o 13º em artigos científicos. De que serve apenas o artigo científico? Nós temos que transformar esse conhecimento em emprego, empreendedorismo, patente... Isso que é importante”, observou o deputado.

Reportagem - Sílvia Mugnatto
Edição – Roberto Seabra

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