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Educadores físicos apontam limitações na formação profissional por algumas instituições

Em audiência pública, representantes da área disseram que várias faculdades matriculam alunos com promessa de atuação plena no mercado, mas diploma só permite trabalho em escolas

12/09/2017 - 22:14  

Lúcio Bernardo Jr./Câmara dos Deputados
Audiência pública sobre as diferenças e respectivas repercussões dos cursos de Bacharelado e Licenciatura em Educação Física. Dep. Cabo Sabino (PR - CE)
Cabo Sabino,divisão entre licenciatura e bacharelado deve acabar

Profissionais da área de educação física denunciaram na Câmara que algumas instituições de ensino superior matriculam alunos com a promessa de atuação plena dos educadores em várias áreas, mas estes, ao receberem o diploma, descobrem que estão habilitados para trabalhar apenas em escolas. 

A formação desses profissionais foi tema de audiência na Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados nesta terça-feira (12).

Rodrigo Alves Andrade, representante dos formados em cursos de educação física, reclamou das limitações da área de licenciatura.

"Os cursos foram ministrados em quatro anos, com 3600, 3800 horas, com as características de uma licenciatura para atuação plena, que seria nas áreas formais e não formais. Eles ingressaram nos cursos acreditando que poderiam atuar livremente na profissão, mas ao receberem suas habilitações profissionais tiveram o direito de atuação tolhido: só poderiam trabalhar nas escolas", explicou.

Weber Matias dos Santos, representante da Federação Interestadual dos Profissionais de Educação Física, disse que a diferença na formação não pode ser de conteúdo.

"A principal diferença é a questão pedagógica, que na licenciatura está voltada para a área educacional, iniciação, coordenação motora, início da formação. E a questão do bacharel é em relação a áreas como anatomia, fisiologia do exercício voltado ao desenvolvimento de um conhecimento mais profundo quanto ao corpo humano."

Formação plena
O deputado Cabo Sabino (PR-CE), que propôs a realização do debate, criticou a divisão entre bacharelado e licenciatura. "Isso só fraciona e sedimenta cada vez mais uma categoria, e temos visto que só tem beneficiado as instituições educacionais, aumentando o número de cursos. É apenas um mercado e não traz nenhum ganho para a população e muito menos para os profissionais."

A mesma posição foi defendida pela representante do ministério da Educação, Nara Maia Pimental. "O ministério hoje busca o perfil profissional que atenda tanto às demandas de sala de aula, diretamente na escola - um profissional de extrema importância - e esse bacharel que vai exercer a sua profissão também com base na formação que recebeu na instituição de ensino superior."

Segundo o Conselho Federal de Educação Física, para trabalhar como professor no ensino básico é preciso frequentar o curso de licenciatura. Já quem quiser atuar em demais nichos do mercado específico deve cursar o bacharelado.

Da Redação
Edição - Rosalva Nunes

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