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Músico e produtor cultural negam participação em desvios de recursos do Pronac

14/03/2017 - 21:30  

Alex Ferreira / Câmara dos Deputados
Audiência pública para tomada de depoimentos. Músico, Fabio Conchal Rabello
O músico Fábio Conchal Rabello (E) foi preso em junho passado, sob suspeita de participar do esquema de fraudes, e solto após prestar depoimento à Justiça

Músico e produtor cultural negaram, nesta terça-feira (14), em depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Lei Rouanet, ter participado do esquema de desvios de recursos do Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac) operado pelo Grupo Bellini Cultural.

Os deputados da CPI investigam o uso pela Bellini de empresas de fachada para emitir notas fiscais frias. A empresa é alvo da Operação Boca Livre da Polícia Federal que investigou desvios de R$ 180 milhões de recursos públicos.

O músico Fábio Conchal Rabello e o produtor cultural Fábio Ralston Salles foram presos em junho do ano passado, sob suspeita de participarem do esquema de fraudes, e soltos dias depois após prestarem depoimento à Justiça.

Rabello afirmou à CPI que não recebeu qualquer comissão da Bellini, tendo obtido apenas assistência do grupo na captação de recursos a espetáculos musicais de sua autoria. Ele disse que criou em 2016 uma empresa, Rabello Entretenimentos, cuja gestão financeira esteve a cargo do filho do presidente da Bellini, Bruno Vaz Amorim, investigado por fraude da Lei Rouanet.

Questionado pelo deputado Izalci Lucas (PSDB-DF) sobre a existência de notas fiscais em seu nome, Rabello disse desconhecer os detalhes da prestação de contas da empresa ao Ministério da Cultura.

Ele acrescentou que a iniciativa partiu de Bruno que procurava um novo CNPJ para captar recursos da legislação. “Eu fui iludido com o desejo de captação do meu musical, acreditando que ele estava executando o projeto da forma como deveria ser”, frisou.

Ao deputado Domingos Sávio (PSDB-MG), o depoente também esclareceu que a Bellini atuou na captação de recursos de dois projetos de sua autoria, um deles com aporte de R$536 mil pelo Pronac. No entanto, negou ter recebido comissão do grupo e afirmou ter sido contratado apenas como diretor musical com salário que variava de R$ 12 mil a R$ 16 mil.

O produtor cultural, Fábio Ralston Salles, também admitiu que não participava da gestão financeira da empresa Pacatu Produções, que criou com a Bellini em 2012. “É terrível isso o que eu vou falar, mas eu confiei e não fiscalizava”. Ele reforçou que não recebeu comissões do grupo, “apenas um valor fixo em 2014 mensal e mais nada”.

Ele também negou ter negociado shows fechados com recursos da Lei Rouanet. “Havia duas gerentes dentro do grupo (Bellini), a de projetos sociais e eventos, eram elas que cuidavam de todo o operacional”, disse.

Reportagem – Emanuelle Brasil
Edição – Regina Céli Assumpção

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