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Para debatedor, revolução digital exige novo modelo de ensino

O reitor da Universidade Estácio de Sá (RJ), Ronaldo Mota, participou de ciclo de palestras promovido por frente parlamentar com apoio da Comissão de Educação

09/11/2016 - 18:12   •   Atualizado em 09/11/2016 - 09:31

Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados
Frente Parlamentar Mista da Educação em parceria com a Comissão de Educação (CE) discute as tecnologias e metodologias inovadoras na Educação Contemporânea
O reitor da Universidade Estácio de Sá, Ronaldo Mota, e o deputado Alex Canziani, durante etapa do ciclo de debates

A revolução digital que o mundo experimenta exige uma nova abordagem no modelo de aprendizagem da escola do século 21. Essa é a conclusão do reitor da Universidade Estácio de Sá (RJ), Ronaldo Mota, que participou nesta quarta-feira (9) do ciclo de palestras “Educação em Debate”, promovido pela Frente Parlamentar Mista da Educação com apoio da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados.

Para Mota, as mudanças que a sociedade experimenta hoje na educação se equiparam a dois marcos da história: o surgimento das primeiras escolas na Grécia antiga, em 500 a.C.; e a invenção da imprensa por Johannes Gutenberg, no século 15.

“De todas as instituições, a que menos mudou foi a escola. Os bancos, a mídia, os costumes, quase tudo se transforma rapidamente. Já a escola muda mais lentamente pelo prestígio que experimentou no século 20. Era muito adequada à sociedade industrial, mas precisa se adaptar”, disse Mota, para quem as novas tecnologias digitais são “o veneno” do processo de ensino, mas podem se tornar “o remédio”.

Pressupostos

Ronaldo Mota explicou que a sociedade atual é a primeira na história da humanidade em que toda a informação estará total e instantaneamente disponível, com custo zero e de acessibilidade ilimitada. “A educação estava assentada no processo de transmissão da informação, agora não mais”, avaliou.

“O novo modelo a ser construído deve partir de três pressupostos. Primeiro, todos estão aptos a aprender; segundo, todos aprendem o tempo todo – antes acreditávamos que só se aprendia na escola, mas sabemos agora que estamos aprendendo o tempo todo, inclusive na escola –; terceiro e mais importante, cada indivíduo aprende de uma maneira única e personalizada”, sustentou.

Técnicas de ensino
Um exemplo citado por Mota são os estudantes com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), que atinge 5% das crianças e jovens em idade escolar. No método tradicional, esses alunos se enquadram como os menos aptos a aprender.

Segundo o reitor, numa nova estratégia educacional, mais flexível e adaptada para as diferentes habilidades dos alunos, esse grupo pode acabar entre os que têm maior capacidade de assimilar conhecimento.

Pessoas com dificuldades na capacidade de letramento, disse Mota, podem ser beneficiadas com técnicas específicas. Com as novas tecnologias, isso é muito mais factível do que parece, assegurou.

“Quantos mais dados processarmos sobre o desempenho dos alunos, até quando cometem erro num teste, mais conhecemos os educandos. Mostrar as habilidades de cada um permite customizar o processo de ensino, minimizando os problemas e construindo um cenário em que todos possam aprender”, disse.

MP do Ensino Médio
Questionado pelo presidente da Frente Parlamentar Mista da Educação, deputado Alex Canziani (PTB-PR), sobre a proposta de reforma do ensino médio em análise no Congresso (MP 746/16), Ronaldo Mota elogiou a iniciativa do governo, defendeu a urgência na medida e apontou a flexibilização curricular como o ponto mais importante.

“Precisamos pensar um sistema educacional contemple a flexibilidade. A escola não vai desaparecer, mas pode oferecer um leque de opções para o aprendizado. Com as tecnologias digitais, pela primeira vez há oportunidade de conjugar qualidade com quantidade, de fazer da escola a chave para abrir a porta do futuro”, concluiu.

Da Redação/RM
Com informações da Frente Parlamentar Mista da Educação

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