Educação, cultura e esportes

Políticas públicas em Educação devem considerar pesquisas do setor, dizem especialistas

Pesquisadores do Centro Lemann de Stanford participaram, nesta quarta, do ciclo de palestras "Educação em Debate", a convite da Frente Parlamentar Mista da Educação

15/06/2016 - 18:51  

Cid Queiroz
Educação em Debate - Centro Lemann de Stanford - programa desenvolvido em parceria entre a Stanford Graduate School of Education e a Fundação Lemann para promover a melhoria da educação pública brasileira
Convidados do Centro Lemann de Stanford também falaram sobre a importância de implantação de uma base nacional comum curricular

O professor e pesquisador Paulo Blikstein, da Universidade de Stanford (EUA), defendeu investimentos na pesquisa em Educação e na formação de professores para o País superar o atraso do sistema de ensino. “Não basta intuição. Para desenhar um sistema educacional eficiente, o Brasil precisa se basear em evidências objetivas”, sustentou o professor, que participou, nesta quarta-feira (15), na Câmara dos Deputados, do ciclo de palestras “Educação em Debate”, a convite da Frente Parlamentar Mista da Educação.

Bilkstein e o professor americano David Plank falaram da pesquisa acadêmica do Centro Lemann de Stanford, programa desenvolvido há dez anos em uma parceria entre a Stanford Graduate School of Education e a Fundação Lemann, para promover a melhoria da educação pública brasileira. As atividades do centro incluem a formação de pesquisadores e professores, o desenvolvimento profissional de educadores brasileiros, e a investigação sobre as políticas educativas e de aprendizagem inovadoras.

Plank acrescentou que a estratégia do Centro inclui também formar uma rede de especialistas voltados à melhoria da Educação e disseminar novos conhecimentos desenvolvidos no setor.

Pesquisa e políticas públicas

Os dois professores defenderam a tese de que os pesquisadores brasileiros poderiam ajudar os formuladores e tomadores de decisão a promoverem melhores políticas. “Pesquisas fazem diferença nas políticas públicas”, garantiu David Plank.

Paulo Blikstein explicou que as pesquisas podem ajudar na formulação a partir da leitura crítica das propostas, e fazer a conexão das iniciativas nacionais com os diversos trabalhos já realizados, aproveitando a experiência de outros países. Um exemplo, apontou, é o debate sobre a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), em discussão atualmente no Brasil.

Base Nacional Curricular
O presidente da Frente da Educação no Congresso, deputado Alex Canziani (PTB-PR), defendeu a adoção de uma base nacional curricular no Brasil. “Se o grande desafio do Brasil no passado era ter todas as crianças na escola, hoje o nosso objetivo é melhorar a qualidade na educação. A base é um importante instrumento para isso, pois ela garante o direito dos alunos à aprendizagem, permite aos pais acompanharem melhor o aprendizado dos seus filhos, dá aos professores e gestores da educação os parâmetros para avaliar a qualidade da educação nas escolas”, argumentou Canziani. 

Blikstein sustentou que a base curricular se mostrou um dos raros instrumentos de política pública que conseguiram promover mudanças na Educação em larga escala com eficiência em todo o mundo.

“A base é aspiracional, tem que olhar para o futuro, a direção tem que ser moderna. A base tem que ter qualidade, porque mexe com estratégias de 15 - 20 anos, impacta na reformulação de livros didáticos, investimentos em laboratórios e na formação de professores”, disse o professor.

Profundidade X quantidade
O deputado Rogério Marinho (PSDB-RN) manifestou preocupação de que a amplitude da Base Nacional Comum Curricular possa comprometer seus objetivos. Ele pediu mais prazo para esse debate: "Estamos falando de 60 milhões de alunos. Deveríamos, primeiro, implementar uma base comum apenas para as matérias de Português e Matemática, deixando as outras para depois”, defendeu Marinho.

Bilkstein foi nessa direção: “Uma questão importante é a profundidade dos conteúdos. Uma recomendação é focar na profundidade no lugar de uma quantidade maior de conteúdos. Os especialistas precisam ter experiência no conteúdo, mas também em educação. Antes, os técnicos apenas listavam um conteúdo pretendido e deixavam o sistema se virar para passar para os alunos. Precisamos de técnicos que entendam profundamente do processo pedagógico”, ponderou .

Plank explicou que a base nacional curricular dos EUA começou, como propõe Marinho, por duas matérias: inglês e matemática. Para ele, a qualidade é central na discussão da BNCC. “O processo deve ser inclusivo, aberto, mas também rigoroso. Lançar mão de especialistas para estabelecer bons padrões. A base é a alavanca para mudar, mas não é a mudança em si. É preciso compromisso com a implementação. É também preciso estar atento aos padrões, que mudam constantemente, fazer avaliações periódicas e formação permanente. A base é o primeiro passo de uma jornada longa que exige comprometimento”, acrescentou Plank, que participou esta semana de um debate sobre a BNCC, realizado em São Paulo pelo Centro Lemann de Stanford.

Da Redação - LC
Com informações da Frente Parlamentar Mista de Educação

A reprodução das notícias é autorizada desde que contenha a assinatura 'Agência Câmara Notícias'.