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Debatedores demonstram preocupação com crise do mercado editorial brasileiro

17/11/2015 - 21:06  

O presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL), Luís Antônio Torelli, afirmou que a pouca efetividade em 2015 de programas do governo de aquisição de livros, como o Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE) e Plano Nacional de Alfabetização e Cidadania (Pnac), tiveram grande impacto no mercado editorial brasileiro. “Isso significou uma queda de faturamento de mais de R$ 200 milhões, cerca de 12%”, informou, nesta terça-feira (17), em audiência pública promovida pela Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados.

“Esse problema atinge as gráficas, os autores e toda a cadeia produtiva do livro, que se ressente bastante da falta desses programas”, acrescentou Torelli. Segundo ele, as compras feitas pelo Poder Público chegam a corresponder a até 36% do orçamento das editoras em alguns anos.

O dirigente destacou ainda que a crise do setor não é novidade: o crescimento nominal do setor não alcançou 1% em 2014 se comparado ao ano anterior.

De acordo com o representante do Ministério da Cultura no debate, Volnei Cunha Canônica, entretanto, a pasta tem feito ações de fomento para autores e ilustradores junto a instituições parceiras, como a Biblioteca Nacional e a Fundação Cultural Palmares. Desde 2014, comentou Volnei, a Diretoria de Livro, Leitura e Biblioteca do ministério tem concedido bolsas com investimentos que ultrapassam R$ 1,7 milhão.

Alex Ferreira / Câmara dos Deputados
Audiência pública sobre a sobrevivência da Cadeia do Livro no Brasil. Dep. Celso Jacob (PMDB-RJ)
Celso Jacob: o mercado não avançará se não houver políticas de incentivo à leitura

Baixo índice de leitura
Parlamentares e expositores concordaram que o maior problema para o setor editorial e para a educação no Brasil é o baixo índice de leitura. "Não se pode falar em avanço, se a gente não estimular a leitura. O brasileiro não tem o hábito de ler e não é porque não tem dinheiro, é porque não tem o hábito”, afirmou o deputado Celso Jacob (PMDB-RJ), que presidiu a reunião.

Por sua vez, o presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros, Marcos da Veiga Pereira, defendeu a transformação do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL) em uma política permanente de Estado. “Se quisermos aumentar os índices de leitura no País, é preciso pensar em políticas públicas de longo prazo”, declarou.

Lançado em 2006 a partir de uma portaria conjunta dos ministérios da Educação e da Cultura, o PNLL engloba diversos projetos que buscam implantar e modernizar bibliotecas, conceder bolsas e prêmios literários a escritores e criar pontos de leitura. O plano é composto por quatro eixos: democratização do acesso; formação de mediadores; valorização institucional da leitura e incremento de seu valor simbólico; e desenvolvimento da economia do livro.

A audiência pública foi proposta pelo deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA).

Da Redação – MO

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