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Diretor do Senai pede ensino médio mais voltado ao mercado de trabalho

26/08/2015 - 19:05  

Lucio Bernardo Junior/Câmara dos Deputados
Audiência conjunta da Comissão de Educação (CE) e da Frente Parlamentar Mista da Educação para debater sobre
Rafael Lucchesi: a visão de que o jovem brasileiro deve ter como meta um diploma universitário ainda é muito presente

O diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Rafael Lucchesi, afirmou nesta quarta-feira (26) que o Brasil precisa mudar completamente a sua visão sobre a educação profissional para aumentar a produtividade. Em palestra na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, ele criticou a orientação do ensino médio para o diploma e não para o mercado de trabalho.

Lucchesi ressaltou que a visão de que o jovem brasileiro deve ter como meta um diploma universitário ainda é muito presente, embora a parcela da população que ingresse na universidade seja baixa, de 17%.
Ele sugeriu que o ensino médio não seja tão regulamentado para que possam ser ofertadas mais alternativas de formação.

Educação profissional
O diretor do Senai afirmou que, na Europa, 50% dos jovens fazem educação profissional junto com a regular. No Brasil, o percentual é de apenas 8,4%.

"O decreto que cria as escolas técnicas em 1909, no governo Nilo Peçanha, diz que a educação profissional é para jovens desafortunados. Não é assim que os austríacos se sentem. Não é assim que os 70% de jovens no Japão que fazem educação profissional, junto com educação regular, se sentem. Eles não acham que isso seja para jovens desafortunados", afirmou.

Segundo Lucchesi, a produtividade de um americano é 5 vezes maior que a de um brasileiro. Para mudar esse quadro, um dos pontos é aumentar o nível de escolaridade, que hoje é de 7,5 anos para a população adulta brasileira; enquanto o americano tem 13 anos, em média.

Pesquisa equivocada
Rafael Lucchesi também mostrou preocupação com a destinação de recursos públicos para pesquisas que, segundo ele, não têm interesse para o setor produtivo.

"No Brasil, a compreensão que a democracia tem de recursos para ciência, tecnologia e inovação são recursos para o mundo acadêmico, o que normalmente esteriliza boa parte desses recursos sem uma conexão direta com o mundo produtivo", afirmou.

Melhorias no ensino
Apesar das críticas, Rafael Lucchesi disse que o governo vem se esforçando para mudar a realidade por meio do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). Ele lembrou que os governos estaduais também têm seus programas.

O diretor do Senai informou que o Brasil ficou em primeiro lugar na Worldskills, uma competição internacional na área de educação profissional, que foi realizada em São Paulo neste ano. O país superou a Coreia do Sul, que havia vencido as nove últimas edições anteriores a essa.

O presidente da Frente Parlamentar da Educação, deputado Alex Canziani (PTB-PR), sugeriu ao diretor que o Senai também atue na formação de professores.

Reportagem – Sílvia Mugnatto
Edição – Pierre Triboli

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