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Ensino técnico desperta interesse de alunos e qualifica a mão de obra

26/09/2012 - 14:00  

O ensino profissionalizante vem se destacando como uma alternativa para despertar o interesse dos alunos e qualificar a mão de obra no País. Professores e alunos acreditam que o ensino técnico é uma opção para os estudantes que precisam ingressar logo no mercado de trabalho e que buscam uma qualificação adequada, capaz de garantir um bom emprego.

TV Câmara
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Em Pernambuco, um soldador pode ganhar mais que um médico recém-formado.

Um levantamento feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que, em vários estados, um diploma de ensino técnico já vale mais que um certificado de conclusão de curso universitário. Segundo a CNI, os salários médios de admissão dos técnicos variam entre R$ 1,5 mil e R$ 2,5 mil. Após dez anos de experiência, o rendimento chega a R$ 7 mil.

Diploma
São esses salários que atraem a atenção dos estudantes do curso técnico de agropecuária do Instituto Federal de Brasília (IFB). “Aqui o ensino é bom, de qualidade, com áreas práticas. Mas o mais importante é que eu sairei daqui jovem e com um diploma profissional nas mãos, o que com certeza me dará mais oportunidades do que eu teria em outra escola”, aposta Rafael Rocha, de 17 anos.

O otimismo tem justificativa, de acordo com o professor do IFB Bruno Ceolin. Isso porque a escola tem convênios com empresas para oferecer vagas de estágios aos alunos. Assim, explica o professor, muitos estudantes já saem da escola com emprego garantido. “A vantagem aqui é que os alunos já saem capacitados. Podem se aprimorar no futuro, mas já estão habilitados para uma profissão.”

Remi Castioni, professor da faculdade de Educação da Universidade de Brasília, ressalta que muitos jovens não querem entrar para a universidade. “O ensino superior é importante, mas a profissionalização também é possível a partir do ensino técnico. Não é porque o jovem vai obter diploma de tecnólogo que vai parar por aí. Ele pode se aprofundar e fazer depois um curso superior de tecnologia.”

O diretor do Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro/DF), Rodrigo Rodrigues, seguiu esse caminho. “Eu sou técnico em contabilidade. Entrei no mercado de trabalho com uma formação técnica e depois fiz universidade.”

Para o diretor de Educação e Tecnologia da CNI, Rafael Lucchesi, esse cenário promove mudanças sociais. “A nova classe média, a classe C, afirma-se com a carteira assinada e com educação profissional. Cada vez mais uma onda jovem reconhece na educação profissional um mecanismo de mobilidade social e inserção no mercado de trabalho, diferente daquela ideia dos anos 70 de que a mobilidade social estava presa à formação universitária”.

Em entrevista à TV Câmara, em junho, o deputado Alex Canziani (PTB-PR) lembrou que um grande gargalo do País é a falta de mão de obra técnica.

Restrito a poucos
Os benefícios dessa modalidade de ensino, no entanto, estão hoje restritos a poucos. Apenas 14% dos estudantes têm acesso ao ensino técnico no Brasil. Para a CNI, esse número deveria subir para pelo menos 40%. “A gente precisa balancear melhor a nossa matriz educacional, dando mais oportunidades para a juventude, estruturando melhor nosso mercado de emprego, propiciando mais competitividade para a indústria brasileira, gerando emprego, renda, progresso e desenvolvimento”, avalia Lucchesi.

O especialista em Educação e doutor em economia Claudio de Moura Castro concorda. “Em todos os países de primeiro mundo, entre 30 e 80% dos alunos fazem uma vertente de ensino profissionalizante. O Brasil está, portanto, completamente fora da curva. A expectativa é que o ensino técnico tenha que crescer muito para que o Brasil não seja uma aberração no concerto das nações”.

Reportagem – Carolina Pompeu
Edição – Natalia Doederlein

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