Educação, cultura e esportes

Deputados cobram apoio para programa de resistência a drogas

03/04/2012 - 19:12  

Beto Oliveira
Audiência pública. Tema: relevância do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (PROERD). (REQ. 113/11, dep. Cabo Juliano Rabelo e dep. Fernando Francischini)
Para os debatedores, a prevenção é mais econômica do que a repressão ao uso de drogas.

Durante audiência pública nesta terça-feira, deputados defenderam mais apoio governamental ao Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd). Para Fernando Francischini (PSDB-PR), é “preciso que esses policiais tenham respaldo financeiro, pois o custo por aluno é ridículo perto do que custa uma casa de recuperação ou o sistema carcerário”.

Franscischini foi um dos autores do requerimento para discutir o programa na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado. O Proerd é desenvolvido pelas polícias militares em todos os estados brasileiros e vai completar 20 anos em 2012.

Conforme o coordenador da Área de Policiamento Comunitário da Secretaria Nacional de Segurança Pública, Erisson Lemos Pita, o Proerd atende atualmente cerca de 15 milhões de crianças e adolescentes. “O trabalho envolve a tríade polícia, escola e família”, explicou.

O coronel da Polícia Militar do Paraná Dougras Sabatini Dabul afirmou que a formação de uma criança ou adolescente pelo Proerd custa, em média, R$ 20. “É muito mais barato que qualquer tratamento, sem contar o transtorno de ter algum dependente na família”, ressaltou. Segundo o capitão PM Dalton Gean Perovano, também do Paraná, prevenir o abuso de droga custa cinco vezes menos que as ações repressão.

Apoio
O deputado Dr. Carlos Alberto (PMN-RJ) afirmou que “os governos não dão a importância que o programa deveria ter”, destacando que a prevenção é mais importante que a repressão. De acordo com ele, no Rio de Janeiro hoje há cerca de 28 mil presos, mais da metade correspondendo a jovens egressos do sistema sócioeducativo. “Precisamos lutar para valorizar mais esse trabalho da polícia”, sustentou.

De acordo com Francischini, o índice de presos primários envolvidos com drogas é ainda maior. Segundo ele, “passa de 90% o índice dos que têm como ponto comum a dependência química”. O parlamentar avaliou que o combate às drogas “não irá a lugar nenhum” sem prevenção qualificada, repressão inteligente e reinserção social.

Embora reconheça a importância do combate a drogas ilegais, o capitão Perovano defendeu que o mais importante é a prevenção das drogas lícitas. De acordo com ele, pesquisas apontam a precocidade do consumo de bebida alcoólica, que começa aos 12,5 anos em média. “O mais grave é que 46% do primeiro uso do álcool ocorre em casa, e o mesmo porcentual resulta do oferecimento por familiares do adolescente”, ressaltou.

Formação
Também autor do pedido para realização do debate, o deputado Cabo Juliano Rabelo (PSB-MT), que é militar e já fez o curso de formação do programa, comprometeu-se a buscar apoio ao trabalho. “Vou lutar para que o policial ganhe a hora aula, o que vai ser um fator a mais de motivação.”

O coronel Dabul relatou que atualmente existem no País sete centros de capacitação de policiais que atuam como instrutores nas escolas. O trabalho ocorre prioritariamente com turmas de quinto e sétimo ano. “Contamos ainda com um currículo para pais”, acrescentou.

O capitão Perovano explicou ainda que o trabalho baseia-se em cinco estratégias – divulgação de conhecimentos científicos sobre drogas, educação afetiva, oferta de alternativas ao uso indevido de drogas, educação para a saúde e modificação das condições de ensino.

Reportagem – Maria Neves
Edição – Ralph Machado

A reprodução das notícias é autorizada desde que contenha a assinatura 'Agência Câmara Notícias'.