Economia

Tombini rejeita utilizar reservas internacionais para cobrir deficit do orçamento

Presidente do Banco Central disse que os custos serão maiores caso não se consiga atingir as metas fixadas para o superavit primário

29/10/2015 - 16:26  

Beto Nociti/ Divulgação BC
Presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, participa de reunião na Comissão de Finanças e Tributação, a pedido do deputado Jerônimo Goergen (PP-RS).
Tombini: esses recursos têm sido colocados pelas agências de avaliação de risco como um dos pontos fortes da economia brasileira, com a redução da vulnerabilidade externa.

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, declarou nesta quinta-feira (29) a parlamentares que rejeita qualquer possibilidade de utilização das reservas internacionais para cobrir o déficit no orçamento.

Tombini recebeu um grupo de parlamentares da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados. A reunião de trabalho, que durou mais de duas horas, foi solicitada pelo deputado Jerônimo Goergen (PP-RS), que solicitou informações sobre a política cambial praticada pela instituição e o seu impacto na economia brasileira.

Segundo Tombini, esses recursos têm sido colocados pelas agências de avaliação de risco como um dos pontos fortes da economia brasileira, com a redução da vulnerabilidade externa. “Nós aqui no Banco Central, certamente não apoiamos essas iniciativas de fazer encontros de passivos e ativos. Porque hoje é um colchão, é um seguro para a economia brasileira e tem funcionado bem. Com todas as incertezas em relação à nossa economia, nós temos uma tranquilidade do financiamento externo”, ponderou o presidente do BC.

Ajuste fiscal
Tombini fez um apelo aos parlamentares no sentido de haver uma convergência política no ajuste fiscal. Sem um consenso, o dirigente prevê custos mais elevados no papel da instituição em manter a estabilidade da economia. “Se o ajuste na parte fiscal não convergir em curto prazo, os custos serão maiores. Do ponto de vista do papel do Banco Central nisso, é promover a estabilidade monetária e financeira nessa trajetória. Se conseguirmos uma convergência política maior para passar algo no sentido do que foi anunciado anteriormente, um superávit de 0,7% em 2016 e nos próximos anos, isso certamente vai ajudar a reestabilizar a expectativa”, destacou.

Quanto ao apelo pela convergência no ajuste fiscal, Goergen entende que isso esbarra na falta de articulação política do próprio governo federal e também da proposta em si. “Esse ajuste fiscal é uma ilusão. O que veio para o Congresso é aumento de imposto e de custos”, criticou.

Mercado interno x mercado externo
O deputado Jerônimo Goergen destacou que o Banco Central cumpre bem seu papel de guardião da imagem do Brasil lá fora, perante o mercado internacional.

Na avaliação do deputado, no entanto, essa mesma imagem não se reflete mais dentro do País. “Aqui dentro, o mercado já não acredita mais no governo e, portanto, o Banco Central teme utilizar essas reservas e ser mal interpretado pelos agentes do mercado”.

Jerônimo saiu preocupado com relação a uma falta de perspectivas de redução da taxa Selic no curto e médio prazo.

Agronegócio
Tombini reconheceu o papel do agronegócio nesse momento delicado em que se encontra a economia brasileira.
Por outro lado, o presidente do BC ouviu de Jerônimo que, apesar dos bons preços das commodities, os custos de produção são muito elevados. “Aproveitei a oportunidade para pedir que nos trouxessem informações sobre o futuro do PSI e do Moderfrota, que são dois programas de incentivo à indústria de equipamentos e máquinas agrícolas, que neste momento está sem recursos do BNDES”, acrescentou. Segundo o parlamentar, sem a perspectiva desses recursos, a indústria corre o risco de entrar em colapso.

O deputado Mauro Pereira (PMDB-RS) ainda pediu ao presidente do Banco Central que atue junto aos bancos privados para que seja cumprido o parcelamento das dívidas dos caminhoneiros, aprovado no Congresso.

De acordo com o parlamentar, somente o Banco do Brasil está repassando esse benefício de 12 meses de carência para os caminhoneiros. “Os bancos privados — Itaú, Bradesco e outros — não estão respeitando a lei que foi aprovada aqui sobre recursos do BNDES”.

Da Redação – RCA

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