Economia

Debate sobre impactos da Lava Jato aponta risco de desemprego no setor naval

22/04/2015 - 13:27  

Audiência pública conjunta das comissões de Fiscalização Financeira e Controle; e de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio apontou o risco de 40 mil demissões nos próximos quatro meses, apenas no setor de construção naval, se a Petrobras não retomar os investimentos. A audiência foi convocada para discutir os impactos e os efeitos da Operação Lava Jato na economia e no índice de emprego do Brasil.

Lucio Bernardo Jr. / Câmara dos Deputados
Audiência pública das comissões de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC) e de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio (CDEIC) para discutir os impactos e os efeitos da Operação Lava Jato na atividade econômica nacional e no índice de emprego do Brasil. Presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Naval (SINAVAL), Ariovaldo Rocha
Ariovaldo Rocha: setor naval corre o risco de demissão em massa

O dado foi apresentado pelo presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Naval (Sinaval), Ariovaldo Rocha, e corresponde ao número de empregos gerados por apenas uma das empresas contratadas pela Petrobras, Sete Brasil, investigada pela Polícia Federal.

“A Sete Brasil deixou de pagar 1,5 bilhões de dólares aos estaleiros que ela contratou para construir sondas de exploração”, disse Rocha.

Segundo o ex-gerente de Tecnologia da Petrobras Pedro Barusco, houve pagamento de propina a diretores da Petrobras nos contratos de construção de 28 sondas de perfuração.

Estes contratos seriam financiados parcialmente pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que autorizou empréstimo de R$ 8,8 bilhões, dinheiro que não saiu em função da Operação Lava Jato.

Para se ter ideia do impacto desses contratos para a indústria naval brasileira, as sondas que estão sendo construídas pela Sete Brasil correspondem a mais da metade dos 70 mil empregos de toda a indústria naval do País, que somam 324 obras, segundo o presidente do Sinaval.

Rocha ressaltou ainda outro efeito da paralisação de contratos da Petrobras: o retrocesso na nacionalização de equipamentos navais voltados para a exploração de petróleo e gás, que começou em 2003. “Estamos competindo com Cingapura e China, onde os custos de mão de obra são 20% menores”, disse.

Reportagem - Antonio Vital
Edição - Natalia Doederlein

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