Economia

Parlamentares reclamam de dificuldades no comércio com a Argentina

19/06/2012 - 20:56  

Os parlamentares da região Sul do Brasil reagiram nesta terça-feira aos pronunciamentos otimistas sobre a relação com a Argentina, feitos por parlamentares do país vizinho e integrantes do governo brasileiro. Durante audiência pública promovida pela Representação Brasileira no Parlamento do Mercosul (Parlasul), eles se queixaram de dificuldades concretas enfrentadas por empresários da região no comércio bilateral.

Desde o início do ano, empresários e deputados da região Sul denunciam que a Argentina cria dificuldades para a entrada de produtos brasileiros. Mergulhada em grave crise econômica, o país teria como objetivo diminuir o deficit na balança comercial com o Brasil. O governo brasileiro disse esperar que em pouco tempo as dificuldades comerciais entre Brasil e Argentina estejam superadas.

Membro da representação brasileira no Mercosul, o deputado Renato Molling (PP-RS) afirmou que o governo argentino tem pedido a empresários brasileiros para investir na produção do outro lado da fronteira. Quando o fazem, porém, esses empresários continuam enfrentando problemas pela falta de insumos que não conseguem importar. Ele acredita, no entanto, que os parlamentares podem pressionar seus governos para resolver o problema. "O Mercosul precisa ser fortalecido. Os acordos precisam ser cumpridos", destacou.

Crises
Já o deputado Dr. Rosinha (PT-PR) observou que o aumento da integração comercial sempre provocará novas crises entre Argentina e Brasil. A integração, disse ele, “sempre será imperfeita”. O importante, a seu ver, é que, a cada nova crise, se tente “buscar a solução, não a agressão”.

Por sua vez, o deputado Osmar Terra (PMDB-RS) disse que foi prefeito da cidade gaúcha de Santa Rosa, onde se produzem máquinas colheitadeiras que não estão conseguindo entrar no país vizinho. “Na prática a teoria é outra. Na prática, o que existe é bloqueio e desemprego. No Rio Grande do Sul, são mais de cinco mil desempregados”, relatou.

A senadora Ana Amélia (PP-RS) ressaltou a necessidade de um debate “aberto, franco, democrático e sincero” com os argentinos. Ela lembrou que centenas de caminhões permanecem parados na fronteira, carregados de produtos como chocolate e calçados. As dificuldades impostas pela Argentina, prosseguiu, têm impacto sobre os setores de carne suína, máquinas agrícolas e móveis.

Os parlamentares argentinos defenderam que as empresas brasileiras e argentinas juntem forças para poder competir e entrar em novos mercados.

Governo
As autoridades brasileiras relativizaram o problema. O embaixador Ruy Carlos Pereira, delegado permanente do Brasil junto ao Mercosul, afirmou que o País continua crescendo mesmo com a crise econômica graças ao Mercosul. Ele destacou que as exportações das indústrias brasileiras vão quase que totalmente para os países vizinhos. “Do nosso total exportado para a Argentina, 93% é de produtos manufaturados e semimanufaturados", afirmou.

O secretário-executivo do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Alessandro Teixeira, informou que o governo brasileiro está em negociações com autoridades argentinas e acredita que os problemas devem diminuir em breve. Mas advertiu que a queda no comércio não se deve exclusivamente a medidas restritivas entre os países. “A queda do comércio é resultado de uma crise mundial que assola a economia internacional", ponderou.

Da Reportagem/ RL
Com informações da Agência Senado

A reprodução das notícias é autorizada desde que contenha a assinatura 'Agência Câmara Notícias'.