Economia

Deputados analisam tentativa do governo de baixar juros bancários

Deputados do PT e do PSDB divergem sobre a eficácia da tentativa do governo de baixar os juros bancários, ao reduzir os juros do BB e da CEF.

02/05/2012 - 19:48  

Aos poucos, os bancos privados anunciam quedas nas taxas de juros cobradas nas operações de crédito, como empréstimos, cheque especial e cartão de crédito. Essa ação segue a baixa da taxa básica Selic para 9% ao ano, anunciada pelo Banco Central, e a redução dos juros de empréstimos praticados pelo Banco do Brasil e pela Caixa Econômica Federal, duas das principais instituições financeiras públicas do País.

No pronunciamento oficial pelo Dia do Trabalho, a presidente Dilma Rousseff criticou os juros elevados dos bancos privados e orientou a população a buscar melhores condições de financiamento.

Leonardo Prado
Cláudio Puty
Puty: bancos passaram anos inventando histórias.

Integrante das Comissões de Finanças e Tributação e de Desenvolvimento Econômico da Câmara, o deputado e economista Claudio Puty (PT-PA) afirmou que a redução dos juros incentiva o consumo, protege a indústria nacional e equilibra a balança comercial.

"Os bancos privados reclamaram de intervenção, dizendo que não podiam baixar suas margens de lucro. Mas, como os clientes começaram a migrar para o Banco do Brasil e para a Caixa, em um instante, eles baixaram suas enormes margens de lucro, chamadas de 'spread'. Passaram anos inventando histórias, dizendo que havia problemas de excessiva tributação do setor bancário no Brasil e que a margem de lucro brasileira não era mais alta do que a de outros países", disse ele.

"Essa concentração bancária no Brasil, onde cinco bancos controlam quase tudo, talvez seja a causa disso. A presidente foi muito bem-sucedida e estão aí o Bradesco e o Santander baixando suas taxas e contrariando o que eles disseram a vida toda", acrescentou.

Cláudio Puty não teme que a queda nos juros traga risco sistêmico ao mercado financeiro, pois acredita que o Banco Central estará atento.

Ações pontuais

Leonardo Prado
Marcus Pestana
Pestana: governo não ataca problemas estruturais.

Já o deputado Marcus Pestana (PSDB-MG) afirmou que as ações do governo são apenas pontuais e não atacam os problemas estruturais do País. Também economista e integrante da Comissão de Finanças e Tributação, Pestana avalia que, enquanto não ocorrerem as reformas tributária, previdenciária e trabalhista, o Brasil viverá situações de juros e carga tributária elevados, câmbio desalinhado e gargalos infraestruturais.

"Essa ação de baixa dos juros tem um conteúdo estratégico essencial, mas depende, fundamentalmente, de outros segmentos, como a melhoria do perfil das finanças públicas e do equilíbrio fiscal de longo prazo e estrutural, já que o Brasil ainda produz deficit nominais significativos a cada ano. A taxa de juros ainda é muito alta e não se efetiva, lá na ponta, porque os bancos fazem tantas exigências para o usuário – reciprocidade e condicionantes – que, na prática, os efeitos não chegam aos cidadãos e aos pequenos empresários", afirmou.

Reportagem - José Carlos Oliveira /Rádio Câmara
Edição - Wilson Silveira

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