Economia

Deputados ressaltam importância da economia criativa

22/11/2011 - 19:31  

Saulo Cruz
Audiência pública: Políticas públicas da Secretaria de Economia Criativa do Ministério da Cultura -  Vinicius Lages (gerente de atendimento coletivo do SEBRAE)
Vinícius Lages falou sobre o incentivo ao empreendedorismo.

A economia criativa recebeu o apoio de deputados durante audiência pública realizada nesta terça-feira na Comissão de Educação e Cultura. O conceito é relativamente novo: surgiu há 20 anos na Austrália, partindo-se do princípio de que a cultura, sobretudo a popular, gera renda para as famílias e riquezas para o país.

No Brasil, a Secretaria de Economia Criativa, ligada ao Ministério da Cultura, lançou recentemente um plano de políticas, diretrizes e ações até 2014. A intenção é dinamizar as atividades de artesãos, bordadeiras, modistas, desenhistas, criadores de jogos eletrônicos e outros microempreendedores culturais.

A secretária Cláudia Leitão afirmou que a economia criativa movimenta recursos vultosos no mundo, mas engatinha no Brasil, onde arte, criatividade e desenvolvimento ainda não estão devidamente unidos.  "A criatividade tem um valor econômico que pode voltar para a pessoa criativa como Índice de Desenvolvimento Humano, retorno para a sua atividade profissional, cultura empreendedora e Produto Interno Bruto. São termos de economia que, em geral, não se usa para a cultura. E nos atrevemos a dizer que essa economia está crescendo em torno de 8% por ano no mundo. No Brasil, ela não foi medida", disse a secretária.

Cláudia Leitão listou cinco desafios imediatos para o setor: necessidade de linhas de crédito; ações educativas; infraestrutura mercadológica; pesquisas de qualidade; e marcos legais que melhor regulem as relações trabalhistas, a desoneração tributária e o uso de recursos tecnológicos.

Incentivo
Quanto às questões educativas, o gerente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Vinícius Lages, avaliou que o conceito de economia criativa amplia as ações de fomento ao empreendedorismo.

"Sabemos apoiar quem produz batata, cachaça, café, artigos orgânicos ou mesmo móveis e roupas; mas, como lidar com um poeta que quer transformar a sua arte em uma atividade econômica? Como lidar com uma trupe mambembe? Fomos pouco a pouco superando essa dificuldade de compreensão e entendendo que há sim uma natureza empreendedora e econômica nesse tipo de negócio", explicou.

Gargalos
Autor do requerimento de realização da audiência pública, o deputado Artur Bruno (PT-CE) disse que o Congresso pode ajudar a destravar os gargalos que hoje atrapalham a circulação de produtos e serviços da economia criativa. "Já estamos convencidos do que ela pode proporcionar em termos de geração de emprego, de desenvolvimento e de divulgação da cultura no nosso País", ressaltou.

Um seminário sobre o tema foi sugerido pela presidente da Comissão de Educação, deputada Fátima Bezerra (PT-RN), e deverá ocorrer em 2012, antes do lançamento do Plano Brasil Criativo — que é articulado por nove ministérios e será ligado a outros planos governamentais.

Reportagem – José Carlos Oliveira/Rádio Câmara
Edição – João Pitella Junior

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