Economia

Grupo pede alteração no projeto que cria ministério da microempresa

Manifestantes ligados ao Fórum Brasileiro de Economia Solidária querem outro novo órgão do Executivo, só para cuidar do trabalho associado e cooperado.

29/04/2011 - 15:10  

Manifestantes vieram à Câmara para pedir a retirada da economia solidária do âmbito do Projeto de Lei 865/11, que cria a Secretaria da Micro e Pequena Empresa. Com status de ministério, o novo órgão participará da formulação de políticas de cooperativismo, associativismo, microempreendedorismo e microcrédito. Ele também vai absorver o Conselho Nacional de Economia Solidária e as competências relativas a cooperativismo e associativismo urbanos do Ministério do Trabalho e Emprego.

Rizoneide Amorim, da coordenação executiva do Fórum Brasileiro de Economia Solidária, afirmou que o movimento não é contra a criação da secretaria, mas por um Ministério da Economia Solidária, para tratar apenas do trabalho associado e cooperado. Segundo Rizoneide, isso se justifica pela diferença de princípios entre a economia solidária e o microempreendedorismo.

“Enquanto a micro e a pequena empresa privilegiam o trabalho individual e assalariado, em que coexistem o patrão e o empregado, na economia solidária é o contrário: reivindica-se a luta pelo trabalho cooperado”, disse.

Segundo Rizoneide, no Brasil existem mais de 2 milhões de pessoas envolvidas em cerca de 40 mil empreendimentos de economia solidária, que vão desde bancos comunitários e cooperativas de crédito a produtores e comerciantes de alimentos e produtos artesanais e industrializados. Os princípios que regem o movimento, explica Rizoneide, são autogestão, democracia e relações transparentes.

Diferenças
O relator do projeto na Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público, deputado Eudes Xavier (PT-CE), concorda que existem diferenças entre os dois setores, mas afirma que os movimentos devem aproveitar este momento em que o governo apresenta um projeto para fortalecer tanto a economia solidária quanto as micro e pequenas empresas.

“O meu parecer será baseado na negociação com o governo, para que, ao final, sejam fortalecidos os dois setores. As diferenças filosóficas e de organização, cada movimento vai fazer no dia a dia. Penso que é um momento de muita oportunidade para ambos, principalmente para a economia solidária”, afirmou.

Segundo Eudes Xavier, um grupo de trabalho com representantes dos dois setores foi criado para discutir e melhorar o projeto em audiências públicas e em negociações com o governo. Após análise na Comissão de Trabalho, a proposta que cria a secretaria passará pelas comissões de Finanças e Tributação (CFT) e de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ).

Reportagem – Verônica Lima/Rádio Câmara
Edição – Ralph Machado

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