Direitos Humanos

Debatedores denunciam violência e pedem reforço a políticas de apoio à população negra

Em sessão solene pelo dia da Consciência Negra, quilombola diz que apenas em 2017 já foram assassinados onze líderes na Bahia

20/11/2017 - 16:47  

Luis Macedo / Câmara dos Deputados
Homenagem ao Dia Nacional da Consciência Negra
Alguns participantes também pediram a aprovação da proposta que transforma o dia 20 de novembro em feriado nacional

No dia da Consciência Negra, 20 de novembro, a Câmara realizou sessão solene para homenagear a população negra brasileira e ouvir suas reivindicações. A deputada estadual pelo Amapá Cristina Almeida, do PSB, pediu apoio ao Projeto de Lei 8350/17, do senador João Capiberibe (PSB-AP), que destina 5% do fundo partidário para a promoção política dos negros. O projeto está pronto para ser votado em Plenário.

Cristina Almeida também defendeu a destinação de parte das emendas parlamentares para a promoção de políticas públicas específicas. Ela lembrou que o racismo está presente na sociedade brasileira.

“Denuncie. Nós não estamos atrás de esmola, estamos pedindo respeito. Nós estamos pedindo direitos. E a nossa pergunta é: O que tanto incomoda a cor da nossa pele? É a nossa inteligência? É a nossa persistência? Porque nós já provamos isso. Que com todo o enfrentamento, a barreira do dia a dia que nós enfrentamos, nós conseguimos ocupar os espaços”, disse.

Feriado nacional
Alguns participantes também pediram a aprovação da proposta (PL 296/15) que transforma o dia 20 de novembro em feriado nacional. O deputado Damião Feliciano (PDT-PB), um dos autores do requerimento para a audiência, ressaltou os problemas enfrentados pela população negra.

“Na juventude, sendo homem, o negro terá 12 vezes mais chances de ser assassinado do que o jovem branco. Sendo mulher, terá quase duas vezes mais chances de passar por uma gravidez na adolescência. A essa altura, será difícil se manter na escola e apenas seis em cada dez concluirão o ensino fundamental até os 16 anos”, observou.

Selma Dealdina, da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas, disse que o Estado discrimina os quilombolas. Segundo ela, 11 líderes baianos foram assassinados somente este ano e não houve desfecho das investigações. Além disso, os processos de demarcação de terras destes grupos estariam paralisados.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, enviou mensagem na qual afirma que é necessário buscar permanentemente corrigir as disparidades derivadas do período da escravidão. O Dia da Consciência Negra é realizado no dia da morte de Zumbi, líder do quilombo dos Palmares, na região Nordeste do Brasil, em 1695.

Intolerância
A deputada Érika Kokay (PT-DF) lembrou que, no último final de semana, dois ambientes utilizados por líderes religiosos negros foram atacados nos arredores de Brasília.

Reportagem - Sílvia Mugnatto
Edição – Roberto Seabra

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