Direitos Humanos

Convidados destacam violência contra jovens negros em solene pela eliminação da discriminação racial

28/03/2016 - 19:15  

Gustavo Lima / Câmara dos Deputados
Homenagem ao Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial
O deputado Vicentinho disse que o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial serve para reforçar a necessidade de manter a luta pela igualdade racial no País

O Plenário da Câmara dos Deputados comemorou, nesta segunda-feira (28), o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial. A data foi criada em 21 de março de 1960, em memória do “massacre de Shaperville”, quando tropas militares do Apartheid mataram 69 pessoas e feriram diversas outras durante protestos em Joanesburgo, na África do Sul, contra a “lei do passe”, que limitava os locais por onde negros podiam circular dentro da cidade.

Presente à solenidade, que foi sugerida pelo deputado Vicentinho (PT-SP), a ministra das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, Nilma Lino Gomes, destacou que os marcos históricos são importantes para gerar reflexão sobre avanços e retrocessos na história. Ela aproveitou a oportunidade para também defender a Lei de Cotas, que, segundo ela, já está sendo cumprida por todas as universidades federais do País, chegando a 40% do total de vagas para negros e pessoas com baixa renda em 2014. “São 1,7 milhão de negros nas universidades”, afirmou.

Homicídios de jovens
A ministra Nilma Lino Gomes destacou a incorporação recente, ao ministério, do tema juventude, e lamentou os números da violência praticada contra os jovens no Brasil, ressaltando a diferença das taxas de homicídio de jovens brancos e de jovens negros.  “O que eu acho importante repararmos é a distância entre negros e brancos. Isso precisa ser diminuído. Nós precisamos reduzir a taxa de homicídios no Brasil e principalmente em relação aos jovens negros, que são aqueles que mais sofrem”, disse a ministra. “Temos uma taxa de vitimização negra extremamente grave”, completou.

Representando o movimento Negra Sim, Sônia Maria de Souza Raimundo também comentou as mortes de jovens negros no País. “Saúdo as mulheres negras, que sofrem quando não têm o direito ao aborto; e depois que criamos um filho e ele chega aos 15 anos, 20 anos, eles são ‘abortados’; ou seja, nós morremos duas vezes”, disse.

Carlos Ketu, que representou o movimento Hip Hop Posse RAUSSA, lembrou do massacre de Shaperville e o comparou com a realidade atual no Brasil. “Estamos passando por um momento difícil e isso vem lembrar Shaperville e o genocídio da comunidade negra hoje. Aqui no Brasil, há varias mortes, mas principalmente de jovens negros. Temos 30 mil mortes e 25 mil são de negros e negras”, observou.

O deputado Vicentinho (PT-SP), que propôs a solenidade, disse que o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial serve para reforçar a necessidade de manter a luta pela igualdade racial no País.
Ele ressaltou situações do dia a dia que, segundo ele, ainda contribuem para perpetuar o racismo no país. “Nossos heróis não são heróis brasileiros. Eu me lembro de uma novela que tinha um deputado corrupto e qual era a cor do deputado? Era um deputado negro”.

Hino à Negritude
Vicentinho também aproveitou a cerimônia para defender o Hino à Negritude, que se transformou em hino oficial do País a partir de projeto de lei proposto por ele. Ele criticou a fala de Fernando Holiday, um dos coordenadores do Movimento Brasil Livre, que acusou o hino de ser de segregação. “Lamentavelmente, na semana passada, cometeram um crime daquele palanque. Para nossa tristeza, um jovem negro pegou um papel com o hino, amassou-o e disse que ele era um lixo. Eu pensei: você está traindo a nossa raça. Não é possível”, disse.

Por fim, Vicentinho propôs um minuto de silêncio em nome de todos os pais e mães que perderam seus filhos por conta da violência e, em seguida, um minuto de palmas pelas conquistas obtidas com a luta pelas causas raciais. O deputado também destacou projetos ligados à causa da igualdade de raças, como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 115/15, de sua autoria, que cria o Fundo de Promoção da Igualdade Racial.

Reportagem – Murilo Souza
Edição – Luciana Cesar

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