Direitos Humanos

CPI é recebida com protestos de acusados de crime de pedofilia em Coari (AM)

11/07/2013 - 20:03  

Integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes estiveram na cidade de Coari, no Amazonas, onde receberam o apoio da população. Muitos manifestantes pediam o fim da impunidade, mas os parlamentares enfrentaram protestos de pessoas ligadas ao governo local.

A comissão foi até Coari para investigar as denúncias de que o prefeito da cidade, Adail Pinheiro, é acusado de chefiar uma rede de prostituição de crianças e adolescentes. O prefeito já foi indiciado pela Polícia Federal e denunciado pelo Ministério Público por chefiar uma rede de exploração sexual de menores em 2008.

Os parlamentares foram recebidos pela população com faixas de apoio ao trabalho da CPI, pedindo justiça, mas em frente à Universidade Estadual do Amazonas, onde foram tomados os depoimentos, os deputados enfrentaram manifestações contrárias ao trabalho da comissão.

A presidente da CPI, deputada Érika Kokay (PT-DF), acredita que as manifestações contrárias ao trabalho da CPI foram encomendadas pelo prefeito. Kokay explicou que Adail decretou ponto facultativo e as escolas não tiveram aula, o que indica a clara intenção de garantir uma quantidade grande de pessoas nas ruas.

Depoimentos de testemunhas
Mesmo com os protestos, a CPI conseguiu colher dez depoimentos de testemunhas sobre a rede de exploração sexual.

A CPI ouviu as pessoas nas dependências do Núcleo de Ensino Superior da Universidade do Estado do Amazonas. Os depoimentos só foram possíveis com o auxílio da polícia, que garantiu o deslocamento das testemunhas até a Universidade. O acesso ao local estava bloqueado por manifestantes contrários à presença da CPI na cidade.
Nova convocação

O prefeito de Coari, que também tinha sido convocado para depor na CPI, apresentou atestado médico, informando que está em São Paulo internado à espera de uma cirurgia.

Érika Kokay afirmou que o prefeito e os outros oito acusados de envolvimento com a rede de exploração sexual, que não estavam na cidade, serão convocados novamente para prestar depoimento. "Não vão conseguir intimidar os trabalhos da CPI e não vão conseguir evitar a convocação. Serão novamente convocados e vão ter que depor ainda que nós tenhamos que usar a condução coercitiva com o auxílio da polícia. Não se pode menosprezar o Estado."

A relatora da CPI, deputada Liliam Sá (PSD-RJ), enfatizou que já existem provas materiais suficientes para fazer o indiciamento. “Vamos acompanhar para que haja justiça. Ninguém aguenta mais ver agentes públicos, cuja função é proteger a população, envolvidos em redes de exploração sexual e pedofilia", completou. No final da tarde, a relatora recebeu uma ligação de Coari, com novas denúncias.

Relatório final
A deputada informou que tem até o ano que vem para apresentar o relatório final e se forem comprovados os crimes, vai indiciar todos os envolvidos nos casos de Três Corações (MG) e de Coari (AM).

Em Três Corações, onde a CPI esteve recentemente, o suspeito é o presidente da Câmara Municipal, vereador Altair Gustavo Rocha Nogueira, que teria participado de orgia com duas mulheres, entre elas uma adolescente. As imagens mostram o vereador e alguns assessores, praticando sexo com a menor. O presidente da Câmara foi identificado nas imagens, mas em seu depoimento declarou que não sabia que a menina era menor de idade.

Além de suspeito do crime de exploração sexual de crianças e adolescentes, outras suspeitas foram levantadas com os depoimentos. Mau uso do dinheiro público, prevaricação, entre outros. A CPI já está encaminhando pedido de quebra de sigilo bancário do vereador e também vai solicitar uma auditoria nas contas da Câmara Municipal de Três Corações.

Próxima diligência
A próxima diligência da CPI será no Rio de Janeiro, no município de Campos dos Goytacazes, onde será investigado o caso “Meninas de Guarus”, que envolve pedofilia e exploração sexual de crianças e adolescentes, que ocorreu em 2009, mas até hoje os culpados não foram punidos. 

Liliam Sá já recebeu novas denúncias que indicam que há uma rede de exploração sexual de crianças e adolescentes na cidade, “já solicitamos ao Ministério Público cópia do processo, vamos investigar a fundo este caso, identificar os envolvidos e tomar as providências cabíveis para que todos possam ser punidos. Não vamos aceitar a impunidade”, declarou Liliam Sá.

Reportagem - Karla Alessandra
Edição – Regina Céli Assumpção

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