Direitos Humanos

Falta de pessoal dificulta apuração de denúncias de escravidão

03/02/2011 - 14:32  

David Ribeiro
Camargo: por falta de pessoal, apenas 50% das denúncias foram apuradas.

O subprocurador do Trabalho Luís Antônio Camargo afirmou que, por falta de pessoal e infraestrutura, somente 50% das denúncias sobre trabalho escravo no Brasil foram apuradas nos últimos anos. Ele participou nesta quinta-feira (3) de reunião das frentes parlamentar mista e nacional de Erradicação do Trabalho Escravo.

Segundo Camargo, já foram pagos R$ 57 milhões em direitos trabalhistas que haviam sido negados a trabalhadores escravizados. O subprocurador ressaltou que 40 mil trabalhadores já foram resgatados do trabalho escravo nos últimos 16 anos, mas que ainda existe um número muito grande de trabalhadores esperando sair dessa situação. “Queremos que o Congresso Nacional dê à sociedade brasileira a oportunidade de erradicar o trabalho escravo.”

A deputada Érika Kokay (PT-DF) propôs que deputados e senadores se mobilizem para manifestar apoio formal à contratação de novos auditores fiscais do trabalho. “É preciso que o Estado tenha aparelhamento suficiente para fiscalizar e coibir a prática. A aprovação da PEC [do Trabalho Escravo] não é garantia de que será o fim do trabalho escravo”, argumentou.

Resgate
Dados da organização não-governamental Repórter Brasil mostram que, dos 40 mil resgatados do trabalho escravo nos últimos anos, 28% eram maranhenses e entre 60% e 70% eram analfabetos ou analfabetos funcionais. No caso de trabalho escravo em área rural, 95% dos resgatados eram homens e 83% tinham entre 18 e 40 anos de idade. Já o tempo médio de servidão era de 4 meses. O problema está concentrado principalmente nos estados do Pará e do Maranhão.

Os dados foram apresentados pelo representante da Repórter Brasil na reunião, Leonardo Sakamoto.

Reportagem – Rachel Librelon e Sílvia Mugnatto
Edição - Pierre Triboli

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