Consumidor

Operadoras apontam alta carga tributária como justificativa para tarifas de celular

Segundo pesquisa da União Internacional de Telecomunicações (UIT), preços cobrados no Brasil são os mais caros do mundo em valores absolutos. Empresas questionam metodologia adotada.

13/11/2013 - 16:10  

Lucio Bernardo Jr. / Câmara dos Deputados
Audiência pública sobre a cobrança abusiva do minuto médio falado no celular, as bases de cálculo das tarifas dos planos pré-pago e pós-pago e os serviços prestados pelas operadoras de telefonia móvel. Diretor da SINDITELEBRASIL, Alexander Castro
Alexander Castro, do Sinditelebrasil, questionou pesquisa da UIT e disse que custo da ligação por minuto caiu pela metade em cinco anos.

Representantes de operadoras de telefonia celular disseram, nesta quarta-feira (13), aos integrantes da Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados que os preços atuais do serviço no País refletem a alta carga tributária e custos relativos à universalidade do acesso para a população.

O diretor-substituto do Departamento de Serviços e de Universalização de Telecomunicações do Ministério das Comunicações, Marcelo Ferreira, concordou que a tributação sobre esses serviços, de 38%, é elevada; mas explicou que apenas 8 pontos percentuais referem-se à parcela da União. O restante é estadual. Ele acrescentou que o governo federal optou por reduzir tributos sobre setores específicos, como banda larga e venda de smartphones.

Alexander Castro, do sindicato nacional das empresas do setor (Sinditelebrasil), foi um dos debatedores a ressaltar que a carga tributária encarece os serviços de telefonia móvel. Ele rebateu estudo divulgado no mês passado pela União Internacional de Telecomunicações (UIT), segundo o qual as tarifas cobradas no Brasil são as caras do mundo em termos absolutos – custo médio superior a 60 dólares mensais (cerca de R$ 138). Conforme Castro, o levantamento levou em conta, por exemplo, os planos de referência das empresas e não os planos promocionais. Com os descontos, o custo médio seria de pouco mais de 16 dólares (aproxidamente R$ 37), de acordo com o representante do sindicato. De qualquer forma, ele afirmou que o custo da ligação caiu de R$ 0,31 o minuto, em 2008, para R$ 0,15 hoje.

O representante da Oi, Marcos Coelho, declarou que a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), feita pelo IBGE, mostra que o brasileiro gasta 1,2% de sua renda com celular. Pelos dados da UIT, órgão das Nações Unids, esse gasto seria de 7%.

Lucio Bernardo Jr. / Câmara dos Deputados
Audiência pública sobre a cobrança abusiva do minuto médio falado no celular, as bases de cálculo das tarifas dos planos pré-pago e pós-pago e os serviços prestados pelas operadoras de telefonia móvel. Representante do Ministério das Comunicações, Marcelo Ferreira
Marcelo Ferreira, do Ministério das Comunicações: tributação sobre esses serviços é alta, mas a maior parte da arrecadação fica com os estados.

Por sua vez, o superintendente de Competição da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Carlos Manuel Baigorri, salientou que o setor de telefonia móvel funciona em regime de competição – de liberdade de preços. Segundo ele, a médio prazo, os preços das ligações devem cair por causa da redução das tarifas de interconexão. Ele explicou ainda que o único custo imposto pela Anatel às companhias é a obrigatoriedade de oferecerem os serviços em cidades pequenas.

Licitações
Para o representante da Tim, André Rosa, o governo, nos leilões de novas frequências, poderia fazer licitações pelo menor preço e não para arrecadação. Ele lembrou que todas as operadoras têm de participar sob pena de saírem do mercado por defasagem tecnológica: "Estou falando em torno de R$ 1 bilhão pago pela frequência do 4G. Esse dinheiro, em vez de ter ido para a conta do Tesouro, poderia ter sido usado na prestação do serviço. Se eu pago pela faixa de frequência, preciso reaver essa despesa", sustentou.

Pré-pagos
Sobre os preços do celular pré-pago, Marcos Coelho afirmou que eles são mais altos porque a empresa precisa enviar mensagens de texto com o saldo do cliente após cada ligação; tem de remunerar a rede de lojistas que fazem recargas; e recebe menos com a venda de outros produtos por parte desses clientes.

O deputado Aureo (SDD-RJ) destacou a necessidade de políticas que tornem mais barato o pré-pago, usado por 80% da população. Ele citou vantagens das empresas com essa modalidade: "no pré-pago, vocês [operadoras] recebem adiantado; ficam isentas de inadimplência; além disso, não necessitam manter uma estrutura para gerar contas e mandá-las à casa do cliente”.

Antenas
Alguns representantes de empresas reclamaram do alto custo cobrado pelas prefeituras para a instalação de antenas de telefonia e lembraram a obrigatoriedade contratual de que o serviço seja oferecido até em cidades que não apresentam viabilidade econômica para a sustentabilidade do negócio.

Reportagem - Sílvia Mugnatto
Edição - Marcelo Oliveira

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