Ciência, tecnologia e Comunicações

Conselho de Comunicação inicia debate sobre bloqueio de sites e aplicativos

11/10/2016 - 12:28  

Alex Ferreira / Câmara dos Deputados
Reunião para apreciação do relatório sobre projetos de lei que tratam de bloqueio de sites e aplicativos. Conselheiro Ronaldo Lemos
Segundo Lemos, na medida em que a internet brasileira cede a esses bloqueios, a rede nacional começa a ficar isolada. Relatório sobre o tema será apresentato em novembro

O Conselho de Comunicação do Congresso Nacional iniciou, nesta segunda-feira (10), a discussão sobre o bloqueio de sites e aplicativos. O relatório sobre o assunto, a cargo do conselheiro Ronaldo Lemos, deve ser apresentado na próxima reunião do órgão, marcada para o dia 7 de novembro, e aborda alguns projetos sobre o tema em tramitação no Senado e na Câmara dos Deputados.

Durante o debate, Ronaldo Lemos, que é vice-presidente do Conselho de Comunicação, citou como exemplo uma recente decisão judicial de Santa Catarina que determinou a suspensão da rede social Facebook por 24 horas em todo o território nacional. A empresa decidiu, na manhã desta segunda-feira, retirar um perfil anônimo, objeto da ação, para evitar o bloqueio total da rede. "Não é um problema de uma ou outra empresa, mas é um problema que está se tornando geral aqui no Brasil", disse o conselheiro.

Na opinião de Lemos, obedecer às ordens da Justiça é essencial. Ele destaca, no entanto, que é preciso debater o bloqueio da estrutura da rede, pois essa medida pode interferir em transações bancárias, telemedicina e até na direção de carros. Para o conselheiro, o ideal seria bloquear conteúdos específicos, sem bloquear a rede ou o aplicativo como um todo.

Lemos afirmou ainda que a rede brasileira pode se tornar pouco confiável, com repercussões como o aumento do preço para o usuário e a fuga de empresas de internet do exterior. Como exemplo, disse que uma empresa do Paraguai pode preferir fazer seu tráfego internacional pelo Panamá e não pelo Brasil. "Na medida em que a internet brasileira cede a esses bloqueios, a rede nacional começa a ficar isolada", ressaltou.

Para o conselheiro José Francisco de Araújo Lima, o tema é muito importante, pois existe uma preocupação com o aumento de sites piratas e clandestinos. Já o conselheiro Walter Ceneviva disse acreditar que o bloqueio não existe na “internet real”, pois a rede tem muitos furos, justamente para evitar esse tipo de resistência. Ele disse que o ideal é o não bloqueio, mas ponderou que “cada caso é um caso”.

Sigilo
Na reunião desta segunda, o Conselho de Comunicação decidiu emitir uma carta repudiando decisão da juíza Pollyanna Kelly Alves, em que ela pede a quebra de sigilo telefônico de um jornalista da revista Época, que invocou o direito ao sigilo da fonte para preservar uma informação solicitada pela juíza. Segundo o presidente do Conselho, Miguel Ângelo Cançado, o colegiado tem “assento constitucional” para um assunto tão relevante.

Cançado também comunicou aos outros conselheiros que vai encaminhar um expediente ao presidente do Congresso, Renan Calheiros, pedindo que na distribuição das propostas legislativas que versem sobre comunicação social seja incluído também o envio ao Conselho de Comunicação Social.

Apesar de concordar com a sugestão, o conselheiro Davi Emerich alertou que o órgão não terá estrutura para analisar as mais de 250 matérias que tratam de comunicação social em tramitação no Congresso.

O Conselho
O presidente Miguel Cançado informou ainda que o conselheiro Marcelo Rech comunicou sua renúncia ao cargo, devido a novas atividades profissionais que assumiu. Como representante das empresas de imprensa escrita, Maria Célia Furtado vai ocupar a vaga aberta pela renúncia. A decisão será comunicada ao presidente do Congresso.

Composto por 13 titulares e 13 suplentes, o Conselho de Comunicação Social atua como órgão auxiliar do Congresso Nacional, conforme determina o artigo 224 da Constituição. Sua atribuição é elaborar estudos, pareceres e recomendações, entre outras solicitações dos parlamentares, sobre temas relacionados à comunicação e à liberdade de expressão.

Da Redação - MB
Com informações da Agência Senado

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