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Pesquisas na estação da Antártica estão paradas, afirma especialista

Pesquisadora da Universidade de Brasília falou sobre a expectativa em relação ao edital que dever ser lançado em julho

06/06/2018 - 15:19   •   Atualizado em 06/06/2018 - 19:27

Durante encontro na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (6), a pesquisadora Tamara Dantas, da Universidade de Brasília, alertou que algumas pesquisas estão paralisadas por falta de recursos. Ela falou sobre a expectativa em relação ao edital que dever ser lançado em julho, com previsão de R$ 14 milhões, para o desenvolvimento dos estudos brasileiros na região.

O último edital do Ministério da Ciência e Tecnologia, de 2013, destinou 11 milhões de reais às pesquisas na Antártica.

"O edital anterior é de 2013, então todos os recursos já foram esgotados. Existem pesquisas que têm um custo muito alto, um custo de laboratório, um custo de coleta muito alto, então pesquisas podem ser financiadas três, quatro anos com cerca de R$ 1 milhão."

Entre os meses de outubro e fevereiro, cerca de 200 cientistas brasileiros vão à Antártica para realizar pesquisas em diversas áreas, como glaciologia, mineralogia e biologia.

Importância das pesquisas
Organismos presentes na Antártica são fontes de substância para combater doença de chagas, leishmaniose, tuberculose, malária e alguns tipos de câncer. As pesquisas na Antártica são importantes até mesmo para o combate aos vírus da dengue e da chikungunyia.

No encontro na Câmara, promovido pela Frente Parlamentar Mista de Apoio ao Programa Antártico Brasileiro em parceria com a Marinha, foi apresentado um balanço dos trabalhos.

Recursos para o programa

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Os pesquisadores contam com a logística oferecida pela Marinha, principalmente nos sete meses de inverno. Durante esse período, quando as temperaturas alcançam 30 graus abaixo de zero, uma equipe de 16 militares é responsável por manter a estação funcionando.

Os recursos para logística são da Marinha, enquanto aqueles destinados à pesquisa vêm do orçamento do Ministério da Ciência e Tecnologia, CNPq e emendas parlamentares aprovadas com apoio da frente parlamentar. Segundo o secretário da Comissão Interministerial de Recursos do Mar, almirante Sérgio Guida, os recursos ficam aquém do necessário.

"Hoje, para mantermos o projeto vivo, precisamos de R$ 38 milhões por ano. A Marinha tem contribuído com quase toda a totalidade do valor, além da Petrobrás e da Força Aérea Brasileira. Mas hoje precisamos de R$ 230 milhões, no mínimo, para um novo navio polar com a capacidade de quebrar gelo."

Para ser ter uma ideia, os Estados Unidos têm 3 estações e 5 navios quebra-gelo, a Argentina tem 4 estações – uma a mais do que o Chile – e 4 navios desse tipo, o mesmo número de navios do Chile. A África do Sul, com uma estação, tem o navio polar que falta ao Brasil.

Nos últimos anos, a importância das emendas parlamentares tem aumentado para complementar os recursos oriundos da Marinha. A presidente da Frente Parlamentar Mista de Apoio ao Programa Antártico, deputada Maria Helena (MDB-RR), ressalta também a influência do grupo para o lançamento do próximo edital para o programa antártico.

"Nós conseguimos junto ao Ministério de Ciência e Tecnologia um edital, que deverá ser lançado agora em julho, também para desenvolvimento de pesquisa que deverá iniciar ainda neste ano."

Nova base em 2019
Em 2012, um incêndio destruiu a base brasileira na Antártica. Segundo o almirante Guida, uma nova estação será inaugurada em março do ano que vem e em mais um ano estará em funcionamento pleno. Atualmente o módulo emergencial do Programa Antártico Brasileiro funciona com 66 pessoas e 17 laboratórios.

Reportagem – Luiz Cláudio Canuto
Edição – Ana Chalub

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