Ciência, tecnologia e Comunicações

Nova Estação Antártica será inaugurada em 2018, mas pode ficar sem pesquisadores

21/06/2017 - 15:25  

Alex Ferreira / Câmara dos Deputados
Lançamento da Frente Parlamentar Mista de Apoio ao Programa Antártico Brasileiro e apresentação da
Fábio Ramalho: os deputados vão buscar os recursos necessários

O Brasil corre o risco de inaugurar a nova estação Antártica Comandante Ferraz em março de 2018 e não conseguir mandar pesquisadores para usar os novos laboratórios. De acordo com o coordenador-geral de Oceano, Antártica e Geociências, da Secretaria de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Andrei de Abreu Sodré Polejack, não existem recursos previstos para o lançamento de edital de pesquisa científica para o ano que vem.

Segundo Andrei Polejack, o Brasil é um dos 29 países com direito a voto sobre o futuro do continente antártico,
mas uma das condições é a manutenção das pesquisas. Fazem parte do Tratado Antártico 59 países.

Em evento da Frente Parlamentar Mista de Apoio ao Programa Antártico Brasileiro na Câmara, nesta quarta-feira (21), o presidente em exercício da Casa, deputado Fábio Ramalho, disse, porém, que os deputados vão buscar os recursos necessários.

A deputada Maria Helena (PSB-RR) afirmou que também será necessário garantir a liberação dos recursos para este ano. "Já é difícil pesquisar e produzir resultados científicos, em ambiente favorável, normal; imagine no continente antártico. Como a pesquisa brasileira é da maior importância, esses resultados têm relevância não só para o Brasil, mas para o mundo. Precisamos investir também na pesquisa. Nós temos hoje 300 cientistas no continente antártico, desenvolvendo pesquisa."

A antiga estação Comandante Ferraz pegou fogo em 2012 e, desde então, com a ajuda da frente parlamentar, vêm sendo destinados recursos para a pesquisa brasileira com suporte das estações de outros países e dos próprios navios da Marinha.

Nova estação
A nova estação tem 4.500 metros quadrados, 2 mil a mais que a antiga, justamente para contar com mais laboratórios. A empresa chinesa que está construindo a estação, ao custo de pouco mais de R$ 300 milhões, deve começar a montar os dois prédios em outubro, no início do verão antártico, como explicou Polejack. "Vão ser 14 laboratórios construídos com uma tecnologia de ponta do que há de melhor no mundo para pesquisa polar. Os equipamentos já estão dentro do contrato. Então a gente está só esperando ficar tudo pronto, a comunidade científica está só aguardando para poder usar os equipamentos e laboratórios."

Estudos
Entre as pesquisas realizadas no continente antártico, Polejack destaca estudos sobre mudanças climáticas e sobre a biodiversidade local. O chamado fungo azul estudado por cientistas brasileiros pode ser eficaz no combate ao vírus da dengue. Outros organismos que conseguem sobreviver a baixas temperaturas podem ser eficientes no desenvolvimento de produtos para proteção contra raios ultravioleta.

Reportagem - Silvia Mugnatto
Edição – Regina Céli Assumpção

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