Ciência, tecnologia e Comunicações

Oficina hacker discute tecnologias para ampliar participação da sociedade no Parlamento

19/09/2014 - 20:53  

Transformar dados em soluções tecnológicas e ampliar a participação de mulheres e transgêneros na mídia e no Parlamento foram temas discutidos na abertura do hack weekend, nesta sexta-feira (19), no Laboratório Hacker da Câmara dos Deputados.

O hack weekend é parte da Semana Internacional de Parlamento – Global Legislative Openness Week (Glow) – que ocorre de 15 a 25 de setembro, com o objetivo de celebrar e fomentar a proximidade entre o Parlamento e a sociedade civil.

Segundo o coordenador do Laboratório Hacker, Cristiano Ferri, iniciativas que envolvem diversos países em torno da abertura dos parlamentos amenizam a profunda desconfiança em instituições governamentais e a ineficiência das políticas públicas. Ferri afirmou que a ênfase em canais digitais de participação, por exemplo, pode ensejar o ganho de legitimidade no processo decisório, o conhecimento sobre a atividade legislativa e sua transparência.

Ferri explicou que as atividades desenvolvidas pelo laboratório não se destinam a hackers, mas a todas as pessoas que têm “curiosidade sobre tecnologia e inovação”. Como exemplo de inovação aplicada à atividade parlamentar, o coordenador citou o “De Olho nas Emendas - ONE”, aplicativo que permite acompanhar o destino dos recursos financeiros criados por emendas parlamentares ao orçamento federal.

Banco de Ideias
Durante o evento, foi lançado o Banco de Ideias para o Hackaton de Gênero e Cidadania, com ênfase no debate entre especialistas e cidadãos sobre alternativas para aproximar a tecnologia às demandas sociais por mais transparência na administração pública e formas de efetivar o empoderamento feminino, por exemplo. A participação é direcionada a todos por meio de fórum on-line (http://edemocracia.camara.gov.br/web/espaco-livre).

O Hackaton de Gênero ocorre entre 24 e 28 de novembro e consiste em maratona que reúne hackers, programadores, desenvolvedores e inventores para criar projetos que transformem informações de interesse público em soluções digitais acessíveis aos cidadãos.

Os participantes desenvolverão aplicativos que possam contribuir para reduzir a violência contra a mulher e fortalecer as políticas de gênero. A maratona privilegiará duas linhas temáticas: violência contra mulher e políticas para promoção de cidadania e gênero.

Violência contra mulher
De acordo com Raquel Mesquita, assessora no laboratório, o debate é fundamental para que o Hackathon alcance seu objetivo em aprofundar a conscientização sobre temas polêmicos, como o crescimento do feminicídio – assassinato motivado pelo desprezo e ódio a mulheres. Rachel lembra que as regras da maratona exigem equipes mistas formadas por, pelo menos, uma mulher ou transgênero.

De acordo com a funcionária da Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados, Talita Victor, o enfrentamento da violência contra a mulher é um dos temas caros para a bancada feminina.

Talita argumenta que existem “direitos da mulher com baixa visibilidade na mídia, mas que são constantemente discutidos e vividos pela mulher parlamentar, como a desigualdade de salários e o preconceito direcionado às mulheres que exercem funções públicas”.

Uma das soluções para dar vigor ao debate sobre esses temas, segundo ela, “é facilitar o proximidade entre o trabalho legislativo e a sociedade, com a finalidade de educar sobre questões ainda polêmicas e obscuras para muitas pessoas, como gênero e sexo”.

Segundo a doutoranda do Departamento de Políticas Científicas e Tecnológicas da Unicamp Daniela Camila de Araújo, a maratona hacker pode constituir demonstrativo, ainda que em pequenas proporções, da presença feminina em cursos de ciências exatas e no desenvolvimento de ferramentas tecnológicas.

Camila também ressaltou que a transparência governamental e a abertura de dados permite aprimorar a democracia digital, ainda incipiente no País, e desenvolver a opinião pública.

Reportagem – Emanuelle Brasil
Edição – Pierre Triboli

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