Cidades e transportes

Comissão adia para esta quarta votação da MP que transfere imóveis do INSS à União

Relator alterou parecer apresentado na semana passada; entre as mudanças propostas está a redução nos traçados do Parque Nacional e da Flona, ambos em Brasília

11/12/2018 - 19:36  

A votação do relatório do senador Dário Berger (MDB-SC) sobre a MP 852/18 foi adiada para esta quarta-feira (12). A medida transfere 3.800 imóveis do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) à União e extingue o fundo da antiga Rede Ferroviária Federal (RFFSA), liberando imóveis que poderão ser vendidos.

O relatório de Dário Berger já havia sido lido no último dia 5, mas nesta terça-feira (11) o senador apresentou uma complementação de voto. Das 47 emendas apresentadas, o relator acatou 30 — duas a mais do que as anunciadas no dia 5 — e fez outras 10 alterações . O adiamento da sessão foi solicitado pelo deputado Hugo Leal (PSD-RJ), que disse precisar de mais tempo para analisar as novas alterações propostas.

“Eu procurei atender o maior número de emendas parlamentares possíveis, porque cada estado tem a sua própria peculiaridade. Evidentemente, encontrar um arcabouço jurídico que possa acolher todas essas peculiaridades não é tarefa fácil”, afirmou o senador.

Venda direta
As novas alterações incluem o acato parcial de uma das emendas apresentadas para facilitar a venda direta de imóveis, sem necessidade de licitação. Além disso, na nova versão do projeto, é retirada a determinação da MP segundo a qual, em casos de leilões fracassados ou desertos dos imóveis, seja concedido desconto de 10% em seus valores.

Para ele, a previsão “esvazia a disputa e desestimula a oferta de lances”. Em contrapartida, o relator propôs que o desconto, ao invés de ser oferecido após o leilão, possa ser oferecido durante a disputa.

Dário Berger também propõe que todos os gastos efetuados pela União necessários ao recebimento dos imóveis sejam descontados do valor a ser compensado com as dívidas do INSS. O senador fixou ainda um prazo máximo de cinco anos para os casos de sustação de processos demarcatórios.

Doações
As novas mudanças apresentadas incluem a previsão de doação de imóveis para os estados de Santa Catarina e do Ceará. No caso do primeiro, é proposta a doação de um imóvel do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) para o estado. Para o Ceará, será cedido imóvel do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) localizado no Perímetro Irrigado Jaguaribi-Apodi, em que, segundo o relator, residem cerca de 270 famílias, predominantemente produtores rurais.

Parques
A doação de parques urbanos federais aos municípios e ao Distrito Federal também foi incluído no texto. A previsão se aplica aos parques de propriedade da União que são administrados pelos municípios. A intenção é diminuir os gastos da União com manutenção e vigilância.

Uma outra modificação feita pelo relator trata da redefinição dos traçados do Parque Nacional de Brasília e da Floresta Nacional (Flona) de Brasília. Dário Berger destaca que a alteração se faz necessária para a viabilização de acesso ao bairro Taquari, na implantação da ligação Torto-Colorado, que, segundo ele, geraria economia na ordem de R$ 25 milhões na obra do trecho.

Marcos Oliveira/Agência Senado
Senador Dário Berger MP 852/18 reunião 11/12/18
O senador Dário Berger fez alterações no relatório, que motivaram o pedido de adiamento da votação

O texto também retira da Floresta Nacional de Brasília as áreas 2 e 3. Dário Berger argumenta que estas as regiões já são habitadas e a proposta tem objetivo de garantir condições dignas aos moradores. Para ele, as alterações são plausíveis para reparar “falhas apontadas no planejamento urbanístico e ambiental do Distrito Federal”.

Impasse
As delimitações dos parques nacionais foram objeto de impasse durante a reunião da comissão mista. O texto do governo regulariza as ocupações no Parque Histórico Nacional dos Guararapes (PE) e, com igual intenção, o relator propôs a regularização do Parque Nacional de São Joaquim (SC). Mas o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista, se manifestou contra a mudança de limites de parques nacionais.

Molon disse que em agosto o Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4717, decidiu ser inconstitucional a adoção de medidas provisórias para redução de áreas ambientais protegidas. Dário Berger, contudo, explicou que, no caso do Parque Nacional de São Joaquim, um novo traçado já havia sido debatido e aprovado pelo Congresso (MP 756/16), mas foi vetado pelo presidente da República, Michel Temer.

“A regularização do Parque Nacional de São Joaquim impacta infinitamente menos do que a do Parque Histórico Nacional dos Guararapes, que veio na medida provisória”, disse o relator.

A comissão mista voltará a se reunir nesta quarta-feira (12) a partir das 9h30, na sala 2 da Ala Nilo Coelho, no Anexo 2 do Senado.

Da Redação – AC (Com informações da Agência Senado)

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