Cidades e transportes

Deslocamento nas cidades prejudica trabalhadores e meio ambiente, diz especialista

Em seminário na Câmara, deputado alertou sobre falta de preparação no País para conviver com o envelhecimento da população e a mobilidade urbana

24/10/2016 - 16:26  

Alex Ferreira / Câmara dos Deputados
IV Seminário Internacional Mobilidade e Transportes: Pensando as Cidades do Futuro
O seminário reuniu parlamentares e especialistas em mobilidade urbana e transportes, no auditório Nereu Ramos

Consultor do Instituto de Desenvolvimento, Logística, Transporte e Meio Ambiente, Frederico Bussinger disse na Câmara dos Deputados, nesta segunda-feira (24), que os planejadores urbanos têm que considerar que não são apenas pessoas que circulam pelas cidades; mas bens, serviços e informações

Bussinger também avaliou que é necessário pensar não só na circulação dentro das cidades, mas no fluxo que entra e sai delas diariamente.

O consultor participou da primeira parte do "4º Seminário Internacional Mobilidade e Transportes: Pensando as Cidades do Futuro", promovido pela Comissão de Desenvolvimento Urbano da Câmara em parceria com a Universidade de Brasília (UnB), por meio do Programa de Pós-Graduação em Transportes, e a Associação dos Consultores Legislativos.

Trânsito
O especialista lembrou estudo recente que avaliou em R$ 156,2 bilhões por ano as perdas causadas pela morosidade do trânsito em São Paulo.

"A zona leste de São Paulo transporta para o centro um Uruguai por dia e à tarde esse Uruguai volta para a zona leste. E a conclusão desse estudo é que os moradores da região metropolitana gastam meia hora a mais do que deveriam nestes deslocamentos."

Uma das consequências dos congestionamentos é o aumento da poluição. De acordo com Bussinger, as emissões relacionadas a combustíveis são 23% do total no mundo. No Brasil, a taxa sobe para 42% e, em São Paulo, para 55%.

O resultado são 4 mil mortes por ano na cidade. A falta de planejamento, segundo o consultor, faz com que 46% dos caminhões que circulam pela cidade estejam vazios, quando nos Estados Unidos esse índice é menor que 18%.

Envelhecimento e mobilidade
O deputado Angelim (PT-AC) disse, no seminário, que o Brasil adotou o modelo rodoviário de maneira equivocada. Ele também mostrou preocupação com a ausência do tema "envelhecimento populacional" nas eleicões municipais.

"Hoje nós temos 3 milhões de brasileiros de 60 anos ou mais e, em 2020, 2025, teremos 12 milhões. Até 2050, o Brasil será um país velho e não um país predominantemente jovem. E eu não vi um debate em nenhum momento sobre se as cidades estão preparadas para abraçar, para dar qualidade de vida a essa população, que será predominantemente maioria", disse.

Angelim afirmou ainda que é necessário discutir o sistema da gratuidade das passagens de ônibus. Segundo ele, não existe gratuidade e é preciso avaliar melhor quem está sendo beneficiado pelo sistema e quem está pagando. Isso porque grandes parcelas da população mais pobre estariam sendo prejudicadas com tarifas altas.

O seminário prossegue até às 18h30, no auditório Nereu Ramos, na Câmara dos Deputados.

Reportagem - Silvia Mugnatto
Edição - Rosalva Nunes

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