Cidades e transportes

Brasil avança em ações de prevenção contra desastres naturais

Nova lei determina qual é a responsabilidade de cada ente da federação. Vários pontos, no entanto, ainda dependem de regulamentação para sair do papel.

22/03/2013 - 12:22  

Governo de Santa Catarina
Cidades - Catástrofes - Enchente - Cidade de Rio do Sul (SC) atingida por enchentes em setembro 2011
Rio do Sul (SC) atingida por enchentes em setembro de 2011

Só em 2011, pelo menos mil pessoas morreram vítimas de enchentes e deslizamentos no Brasil. Neste mesmo ano, os prejuízos possíveis de serem medidos somaram R$ 10 bilhões, segundo estimativa da Organização das Nações Unidas (ONU).

Para reduzir os impactos das tragédias, que muitas vezes são recorrentes, existe um esforço mundial. Em 2005, 168 países assinaram o Marco de Ações de Hyogo, comprometendo-se a adotar medidas para prevenir desastres. O Brasil é signatário desse acordo e vem seguindo essa tendência. No ano passado, aprovou a primeira lei federal sobre o assunto (12.608/12).

Dos 15 objetivos da nova política, 11 são voltados para prevenção e redução de riscos de tragédias. A lei é resultado direto do debate que aconteceu na comissão especial da Câmara sobre medidas preventivas diante de catástrofes.

“A nova lei trouxe avanços, entre eles, a divisão de responsabilidades no caso de desastre: o que tem que fazer a prefeitura, o estado e o governo federal. Mais do que isso, na prevenção dos desastres, qual o dever de cada ente da federação”, explica o deputado Glauber Braga (PSB-RJ), relator do texto na Câmara.

Além disso, a nova legislação:
- Cria de um cadastro nacional de municípios com risco de desastres naturais;
- Obriga prefeituras a fazerem mapeamento das áreas de risco e incluírem essas áreas no plano diretor municipal;
- Obriga municípios a elaborarem o plano de contingência, determinando quais são os procedimentos a serem adotados, no caso catástrofe;
- Veda a concessão de alvará para novas construções em áreas de risco, sob pena de o gestor ser processado por improbidade;
- Obriga o ensino de prevenção a desastres nas escolas;
- Cria o serviço militar alternativo na área de Defesa Civil.

Esses pontos, no entanto, ainda dependem de regulamentação do governo federal para saírem do papel. A expectativa do Ministério da Integração é que isso seja feito até maio.

Plano Nacional
Também no ano passado, o governo federal lançou o Plano Nacional de Gestão de Risco e Resposta a Desastres Naturais, que prevê investimento de R$ 18,8 bilhões até o final de 2014. O dinheiro será aplicado em ações de prevenção, mapeamento das áreas de risco, resposta a catástrofes, monitoramento e alerta.

Parte dessa verba servirá também para equipar melhor os dois centros que o País ganhou recentemente na área: o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), ligado ao Ministério de Ciência e Tecnologia; e o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad), do Ministério da Integração Nacional.

“A prevenção de desastres ainda é um gargalo no Brasil, mas o País vem avançando progressivamente. Hoje 6% dos municípios têm plano de defesa civil. É pouco, mas infinitamente melhor que uma década atrás”, avalia David Stevens, responsável pelo Centro de Excelência para a Redução do Risco de Desastres da ONU, que está sendo implantado neste ano no Brasil.

Reportagem – Ginny Morais
Edição – Natalia Doederlein

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