Agropecuária

Em comissão geral na Câmara, setor agropecuário mostra preocupação com greve dos caminhoneiros

29/05/2018 - 16:41   •   Atualizado em 29/05/2018 - 21:38

Representantes do agronegócio presentes na comissão geral da Congresso Nacional sobre a crise provocada pela greve dos caminhoneiros manifestaram preocupação com a continuidade do movimento de paralisação dos transportes de carga em todo o País. 

Luis Macedo/Câmara dos Deputados
O preço dos combustíveis no Brasil
Plenário se transformou em comissão geral para debater a crise provocada pela greve dos caminhoneiros

Presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, a deputada Tereza Cristina (DEM-MS) fez um apelo aos caminhoneiros.

"Gostaríamos de pedir que deixem esses setores que carregam o Brasil nas costas poderem trabalhar, dar emprego e não deixar que o abastecimento da população brasileira seja mais prejudicado do que já temos hoje."

Álcool
Diretora da União da Indústria da Cana-de-Açúcar, Elizabeth Farina ressaltou as consequências da paralisação para o setor. "A partir de hoje não teremos mais nenhuma usina de cana-de-açúcar operando, então encerra-se a produção de um combustível brasileiro que tem ajudado a limitar o aumento de preço de gasolina”, afirmou.

Segundo ela, 310 mil empregos em São Paulo estão em jogo. Elizabeth Farina lembrou ainda que o setor também produz energia elétrica a partir do bagaço de cana e da biomassa e que a partir de agora não haverá bagaço devido à falta de moagem.

Laticínios
Ainda que a greve acabasse hoje, a produção de laticínios demoraria um mês para ser normalizada. A avaliação é da Associação Brasileira de Laticínios, a Viva Lácteos, que aponta falta de matéria prima e insumos para rodar as fábricas. Segundo Gustavo Beduschi, representante do setor na comissão geral, já foram perdidos mais de 360 milhões de litros de leite nesse período de greve, um impacto de mais de R$ 1,2 bilhão. "Praticamente todas as nossas associadas estão com as fábricas paradas", revelou.

Infiltrados
Representante da Associação Brasileira dos Transportadores Autônomos, José da Fonseca Lopes afirmou que há infiltração no movimento dos caminhoneiros. "Não é mais o caminhoneiro autônomo, quem está fazendo isso é bandido. E eu vou um pouquinho mais longe: tive uma informação que no Mato Grosso do Sul cortaram o trilho do trem a maçarico para não passar combustível e nada. O caminhoneiro fez o que tinha de fazer. Agora, essas infiltrações, esse terrorismo que está aí, querem fazer o quê? Botar fogo nesse País?", alertou.

Ricardo Santin, vice-presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal, também falou em infiltrados. “É uma situação política exacerbada de gente oportunista se infiltrando contra os bons caminhoneiros, que agora querem voltar a trabalhar. E as nossas indústrias, com mais de 300 mil pessoas paradas, querem produzir alimento."

Medidas do governo
Na segunda-feira, o Congresso Nacional recebeu as três medidas provisórias do governo federal que resultaram do acordo com representantes dos caminhoneiros para pôr fim à greve iniciada no dia 21. Uma MP reserva parte do frete das compras de alimento do governo para caminhoneiros autônomos; outra prevê um preço mínimo para o frete; e a terceira MP dispensa o pagamento de pedágio do eixo suspenso de caminhões. As medidas provisórias têm validade imediata, mas precisam ser votadas pelos Plenários da Câmara e do Senado para continuarem valendo.

Reportagem – Newton Araújo
Edição – Ana Chalub

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