Agropecuária

Estados produtores de tabaco devem diversificar produção, diz Ministério da Saúde

Brasil é terceiro maior produtor de tabaco do mundo, sendo 85% da produção exportada.

28/05/2014 - 12:09  

A representante do Ministério da Saúde em audiência da Câmara, Tânia Cavalcanti, afirmou há pouco que os estados e municípios produtores de tabaco devem com urgência diversificar sua matriz produtiva. Ela participa do seminário sobre a convenção internacional contra o tabagismo promovido pelas comissões de Seguridade Social e Família; e de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural.

A convenção, assinada pelo Brasil, foi adotada pela Assembleia Mundial da Saúde em 2003 e entrou em vigor em 2005. Segundo Tânia, o foco da convenção não é proibir o plantio de tabaco, mas deter a epidemia do tabagismo, que já foi responsável por 100 milhões de mortes do século 20. Um dos objetivos, segundo ela, é evitar que crianças e adolescentes comecem a fumar.

Porém, conforme a representante do Ministério da Saúde, os países que assinaram a convenção se comprometem a promover alternativas economicamente viáveis para os trabalhadores, os cultivadores e, eventualmente, os varejistas de pequeno porte. Ela salientou que o Brasil é o terceiro maior produtor de tabaco do mundo, sendo 85% da produção exportada.

De acordo com ela, o número de famílias produtoras de tabaco, que era de 198 mil em 2005, quando a convenção foi assinada pelo Brasil, se reduziu para 182 mil famílias hoje.

Ela salientou ainda, que, desde que a convenção foi assinada, está havendo redução global no consumo de cigarros, exceto na República Tcheca. No Brasil, que começou a implementar políticas antitabagismo antes da convenção, o número de fumantes caiu de 32% em 1989 para 17% em 2008.

Desde que a convenção foi assinada, conforme Tânia, 75% dos países signatários criaram políticas tributárias para coibir a indústria do fumo; 75% baniram propagandas de tabaco; e 75% colocaram avisos e advertências sobre os malefícios do fumo nas embalagens de cigarro. Ela demonstrou, porém, preocupação com o crescimento recente e acelerado do uso do cigarro eletrônico (dispositivo eletrônico que usa extrato de tabaco), ainda não liberado para venda no Brasil.

Produtores
O presidente da Comissão de Seguridade Social e Família, deputado Amauri Teixeira (PT-BA), disse que o seminário visa justa construir um diálogo, para que a substituição da cultura de tabaco não seja autoritária. “É preciso uma política de indução, de estímulo”, observou. Ele ressaltou que em alguns municípios na Bahia isso já aconteceu. “A cultura do fumo foi substituída gradualmente pela fruticultura”, disse.

O representante do Ministério do Desenvolvimento Agrário na audiência, Hur Bem, destacou que, hoje, 11 mil famílias estão sendo atendidas por programa de extensão rural para diversificação da produção. Conforme ele, são famílias que atenderam à chamada pública do ministério e optaram por fazer parte do programa.

“O tabaco é uma tradição, que passa de pai para filho, e muitas famílias só sabem fazer isso”, ressaltou, explicando a dificuldade de promover a substituição de culturas agrícolas.

O seminário prossegue no plenário 7.

Continue acompanhando esta cobertura.

Reportagem - Lara Haje
Edição - Daniella Cronemberger

A reprodução das notícias é autorizada desde que contenha a assinatura 'Agência Câmara Notícias'.