Agropecuária

Ministério admite falha na inspeção de cacau importado da Costa do Marfim

21/11/2012 - 19:21  

Gustavo Lima
Audiência Pública:
A comissão reuniu produtores e representantes do governo para discutir a lavoura do cacau.

O diretor do Departamento de Sanidade Vegetal do Ministério da Agricultura, Cósam de Carvalho Coutinho, admitiu, nesta quarta-feira, falha na inspeção da carga de cacau que chegou ao Porto de Ilhéus em julho, importada da Costa do Marfim pela Nestlé. As amêndoas de cacau vieram contaminadas por uma praga que, potencialmente, pode atingir as plantações do fruto no Brasil.

Coutinho participou de audiência pública da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural. Segundo o técnico, o ministério está apurando de quem foi a falha. No entanto, ele ressaltou que não concorda com a volta do uso do inseticida brometo de metila no controle de pragas, em razão de o produto ser “extremamente” danoso à saúde.

O tratamento com brometo foi suspenso pelo governo, apesar de a proibição do uso do produto está prevista para 2015. “Se houver realmente uma ameaça às plantações, o ministério vai recuar e autorizar o uso do brometo de metila”, admitiu o representante do Ministério da Agricultura.

Envio de fiscais
Coutinho disse ainda que enviar fiscais aos países exportadores, como ocorria anteriormente, é uma medida que não tem justificativa. “Precisamos é ter fiscais em nossos portos”, afirmou. “O que o Brasil deve fazer é solicitar que o país exportador cumpra as exigências do governo brasileiro para a importação do produto. Se não cumprir, suspender as importações.”

Já o secretário de Agricultura da Bahia, Eduardo Salles, discorda do Ministério da Agricultura. Em sua opinião, é importante o envio de técnicos para fazer a inspeção nos países de origem do produto. Ele também acha que o brometo de metila deveria ser usado até 2015, quando será proibido.

Novas tecnologias
O superintendente em Rondônia da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), Wilson Destro, salientou que em razão de haver uma equipe reduzida, apenas três pesquisadores, a introdução de novas tecnologias na região tem sido prejudicada. Ele afirmou que o órgão está esperando a realização de concurso público.

Entre as causas da baixa produtividade apontadas pelo diretor da Ceplac, Helinton José Rocha, estão o excesso de sombras, plantas mal formadas e velhas e a falta de adubação. Quanto à importância socioambiental da cultura, Rocha mencionou, entre outras, a contribuição ao processo de permanência do homem no campo com qualidade de vida.

Por sua vez, o deputado Carlos Magno (PP-RO) defendeu a apresentação de emenda ao Orçamento pela comissão destinando recursos para a Ceplac. O debate desta quarta-feira foi proposto pelos deputados Carlos Magno e Zé Silva (PDT-MG).

Reportagem – Oscar Telles
Edição – Newton Araújo

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