Ministro anuncia resultado positivo nos Correios, após quatro anos de prejuízo
Deputada, por outro lado, criticou possível fechamento de mais de 500 agências e a demissão de mais de 5 mil funcionários da estatal. Audiência realizada na Câmara também discutiu restrições orçamentárias no setor de ciência e tecnologia
09/05/2018 - 16:44
O ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, anunciou que os Correios tiveram resultado positivo no ano passado, de R$ 667 milhões, após ter prejuízos desde 2013. Kassab participou, junto com sua equipe, de audiência na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (9). A reunião discutiu os resultados das ações da pasta em 2017 e as prioridades para 2018.
“Uma mesma empresa, com os mesmos funcionários e a mesma prestação de serviços, em menos de três anos passa de um prejuízo de R$ 2,5 bilhões para um lucro aproximado de R$ 670 milhões”, disse Kassab. “Isso mostra disciplina e seriedade.”
O presidente interino dos Correios, Carlos Fortner, atribuiu os resultados à gestão nos últimos dois anos, que incluiu a “racionalização de custos com pessoal” e a mudança no plano de saúde. No último mês, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) autorizou a cobrança de mensalidade dos funcionários da estatal e de seus dependentes.
Impactos
A deputada Luciana Santos (PCdoB-PE) criticou o possível fechamento de mais de 500 agências dos Correios e a demissão de mais de 5 mil funcionários, noticiados pela imprensa.
O presidente interino argumentou que nenhuma agência será fechada imediatamente, antes de discussão técnica sobre o assunto. Fortner acrescentou que vai haver plano de demissão com incentivos para o funcionário se desligar – também será possível que trabalhadores sejam realocados para outras áreas da empresa.
Diante do questionamento de Luciana Santos, o ministro Gilberto Kassab disse que a privatização dos Correios não está na pauta neste momento, mas a medida não é descartada em nenhuma empresa pública. “É uma avaliação permanente”, comentou.
Restrições orçamentárias
Na audiência, o secretário-executivo do ministério de Ciência e Tecnologia, Elton Zacarias chamou atenção para a grande restrição orçamentária no setor. “E a perspectiva é que a situação piore no ano que vem, devido ao teto de gastos públicos [Emenda Constitucional 95]”, apontou. “Em 2013, o orçamento era de R$ 9 bilhões para custeio e investimento. Em 2018, é de R$ 3,95 bilhões, com 14% de contingenciamento.”
Além disso, Zacarias destacou o deficit no ministério e em órgãos conexos de 1.400 funcionários e a falta de concurso público para a administração direta. “Estamos sofrendo com avanço das aposentadorias”, ressaltou.
Luciana Santos apontou que o orçamento para o setor de ciência e tecnologia diminuiu pelo menos 50% desde o governo Luiz Inácio Lula da Silva. Para a deputada, a retornada do crescimento no País pressupõe o investimento em C&T.
Contigenciamento
Diante da restrição orçamentária, Kassab sugeriu que o Congresso aprove proposta para proibir o contingenciamento dos fundos setoriais a partir de 2023.
O deputado Sandro Alex (PSD-PR), um dos que solicitou o debate de hoje, concordou que é preciso avançar nesse sentido, na medida em que o problema vem sendo enfrentado pelos diferentes governos.
Reportagem – Lara Haje
Edição – Marcelo Oliveira
