Política e Administração Pública

Barusco nega participação em negociações financeiras entre BNDES e Sete Brasil

03/12/2015 - 19:32  

Cleia Viana/Câmara dos Deputados
Audiência pública para tomada de depoimento do ex-gerente de serviços da Petrobras, Pedro Barusco
Pedro Barusco depôs na CPI do BNDES

Um dos primeiros delatores da Operação Lava Jato, o ex-gerente de serviços da Petrobras Pedro Barusco negou participação em negociações financeiras entre o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a empresa Sete Brasil. Ele depôs nesta quinta-feira (3) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do BNDES.

O ex-diretor afirmou ter ficado surpreso com a convocação para depor na CPI sobre supostas irregularidades no financiamento do banco à empresa Sete Brasil, da qual foi diretor de operações. A empresa foi criada para o fornecimento de navios-sonda para a exploração do petróleo da camada pré-sal.

Em resposta ao sub-relator da CPI, deputado André Fufuca (PEN-MA), Barusco frisou que é engenheiro e nunca tratou de assuntos financeiros da Sete Brasil. Ele disse que quem cuidava dessa área era João Carlos Ferraz, que acumulava a presidência e diretoria financeira da Sete Brasil.

O sub-relator lembrou que o BNDES havia aprovado a concessão de crédito no montante de R$ 10 bilhões para a Sete Brasil, mas esses recursos não teriam sido desembolsados pelo banco. Barusco negou saber se houve ou não ingerência política na busca dos empréstimos que viabilizaram a constituição da Sete Brasil.

O ex-diretor depôs na CPI do BNDES amparado por uma liminar do ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), para permanecer calado. No entanto, Barusco respondeu a perguntas dos deputados, repetindo informações já fornecidas em depoimentos anteriores às CPIs da Petrobras e dos Fundos de Pensão.

Em sua delação na Operação Lava Jato, Barusco admitiu ter recebido cerca de 70 milhões de dólares em propina entre 2003 e 2011, quando trabalhava na Petrobras.

Prorrogação da CPI
O presidente da CPI do BNDES, deputado Marcos Rotta (PMDB-AM), protocolou nesta quinta-feira requerimento de prorrogação dos trabalhos por 60 dias. Rotta atendeu a apelo de deputados da oposição que reclamaram do prazo extra de apenas 15 dias aprovado, na véspera, pelo Plenário da Câmara.

"Vou reafirmar a necessidade que temos de estipular um prazo maior para finalizar, de forma tranquila e serena, os trabalhos desta comissão, sem qualquer tipo de atropelo”, disse Rotta. “Penso não ser justo, nesta balança, que outras CPIs tenham um tratamento diferenciado ao tratamento de uma CPI que, talvez, seja a mais emblemática exatamente por conta da grande gama de informações. Nós estamos trabalhando em uma CPI eminentemente técnica e precisamos de um tempo a mais.”

Se o requerimento de prorrogação não for aprovado, Rotta prevê a apresentação dos sub-relatórios para a próxima terça-feira (8) e a votação do relatório final no dia 17.

Reportagem – José Carlos Oliveira
Edição – Pierre Triboli

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