Política e Administração Pública

CCJ aprova prazo para presidente da República nomear diretores de agências reguladoras

Proposta, que altera a Constituição, será analisada agora por uma comissão especial antes de seguir para o Plenário

11/09/2015 - 19:59  

A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou, no último dia 2, a admissibilidade de proposta (PEC 76/15) que fixa prazo máximo para a nomeação, pelo presidente da República, de dirigentes de agências reguladoras.

O texto aprovado fixa em 60 dias o período máximo para o chefe do Poder Executivo nomear os membros dos conselhos diretores e das diretorias de instituições como as agências nacionais de Energia Energia (Aneel), de Telecomunicações (Anatel), das Águas (ANA) e de Vigilância Sanitária (Anvisa), entre outras. O prazo será contado a partir do momento em que o cargo de dirigente ficar vago.

Luis Macedo / Câmara dos Deputados
Audiência pública sobre a exploração de dromedários visando o turismo nas praias do Rio Grande do Norte. Dep. Ricardo Tripoli (PSDB-SP)
Ricardo Tripoli defendeu a constitucionalidade da proposta

Autor da proposta de emenda de Constituição, o deputado Betinho Gomes (PSDB-PE) lembrou que, neste ano, uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) mostrou elevado percentual de vacância nos órgãos de direção das agências. Além de prejudicar a autonomia e a independência das atividades de regulação e fiscalização dos serviços públicos, o deputado interpreta esse "desfalque" como uma "burla do governo" em relação à legislação que criou as diversas agências reguladoras.

"Todo membro de agência reguladora tem de ser submetido a uma sabatina do Senado e isso não está acontecendo porque o governo tem mantido diretores provisórios, que estão ali apenas por indicação temporária, mas que vão se perpetuando ao longo do tempo”, criticou Gomes.

Discussão

Gabriela Korossy
Marcos Rogério
Já Marcos Rogério acredita que medida deveria tramitar via projeto de lei
O parecer do relator na CCJ, deputado Ricardo Tripoli (PSDB-SP), foi favorável à constitucionalidade da PEC, mas não teve aprovação unânime. Para Tripoli, a medida não possui impropriedades legislativas que impeçam a continuidade da sua tramitação.

Já o deputado Marcos Rogério (PDT-RO) chegou a apresentar um relatório alternativo (voto em separado) por discordar do instrumento para a tramitação da matéria. Em vez de PEC, que exige um quórum qualificado de aprovação, ele defendeu o uso de um projeto de lei. "Concordo com a fixação de prazo. Minha crítica é simplesmente pelo uso de emenda constitucional”, disse. “Se o objeto principal [criação das agências] foi regulado por lei ordinária, o acessório não poderia vir por emenda constitucional", completou.

Tramitação
Com a admissibilidade, a PEC será analisada agora por uma comissão especial a ser criada especificamente para esse fim. Depois, se aprovada, seguirá para exame do Plenário, onde terá de ser votada em dois turnos.

Conheça a tramitação de PECs

Reportagem – José Carlos Oliveira
Edição – Marcelo Oliveira

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