Política e Administração Pública

Operações com Friboi não têm motivação eleitoral, diz presidente do banco

27/08/2015 - 17:43  

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) não fez operações com o frigorífico JBS-Friboi nos últimos dois anos e não houve nenhuma relação entre os desembolsos do banco para a empresa com as doações de campanhas eleitorais feitas pelo grupo econômico. A JBS foi o maior financiador privado das eleições gerais de 2014, com R$ 368 milhões distribuídos a diversos candidatos. O BNDES possui 24% de participação no capital da empresa.

A informação foi prestada pelo presidente do BNDES, Luciano Coutinho, em resposta ao deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA), durante depoimento na CPI do BNDES. Coutinho ressaltou que o último balanço do frigorífico mostra que ele possui uma dívida oriunda de crédito pequena, “abaixo de R$ 40 milhões”. A JBS é a maior exportadora de carne bovina do mundo.

Sete Brasil
Luciano Coutinho disse também que o BNDES não chegou a fechar contrato para financiar a compra de sondas pela empresa Sete Brasil. A empresa foi criada em 2010 com o propósito de gerenciar os contratos de construção e operação de sondas para a exploração da camada pré-sal.

Um ex-presidente da empresa admitiu ter recebido propina de estaleiros que trabalharam com a companhia. Além disso, um dos ex-diretores da empresa é Pedro Barusco, delator na Operação Lava Jato, que investiga corrupção na Petrobras.

Segundo Coutinho, o empréstimo solicitado pela Sete Brasil foi aprovado pelo banco, mas a empresa “não conseguiu reunir as condições de documentação [seguradoras e estaleiros] de forma a assinar o contrato”. “O contrato, embora aprovado, não foi assinado”, disse Coutinho em resposta ao deputado Heuler Cruvinel (PSD-GO).

Frigorífico Independência
Questionado sobre a compra, pelo BNDESPar, braço de participações acionárias do banco, de ações do frigorífico Independência, Coutinho afirmou que a decisão foi tomada com base em análise do balanço da empresa e com lastro em auditoria externa.

No final de 2008, o BNDESPar injetou R$ 250 milhões no frigorífico para comprar 21,8% do capital da holding Independência Participações. O grupo Independência entrou em recuperação judicial em fevereiro de 2009, três meses após o aporte da BNDESPar.

“O que ocorreu depois foi uma rápida deterioração da empresa”, afirmou o presidente do BNDES. Segundo ele, o banco não contrata uma operação de empréstimo ou acionária sem avaliar as condições de balanço e cadastrais da empresa que será beneficiada.

Reportagem – Janary Júnior
Edição – Pierre Triboli

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