Política e Administração Pública

Júlio Camargo representava a Samsung, mas não tinha contrato com a Mitsui, diz executivo japonês

05/08/2015 - 17:27  

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O presidente da empresa japonesa Mitsui no Brasil, Shinji Tsuchiya, confirmou, em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) a Petrobras, que o empresário Júlio Camargo era representante da Samsung em negócios com a estatal. Ele admitiu ainda, ao responder pergunta do deputado Bruno Covas (PSDB-SP), que Camargo pode ter participado de reuniões na Petrobras junto com o ex-diretor da Mitsui Ishiro Inaguage.

O nome de Inaguage aparece no depoimento prestado por Júlio Camargo em processo de delação premiada. No termo de delação, Camargo afirmou que em 2005 atuou como agente da empresa Samsung para vender para a Petrobras duas sondas de perfuração de águas profundas na África e no Golfo do México.

Ele explicou em depoimento que, para fechar o negócio, teria procurado o empresário Fernando Soares, apontado pela Polícia Federal como operador do PMDB no esquema de desvio de recursos da Petrobras. Camargo afirma que participou de uma reunião na sala do então diretor da área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, em que também estavam presentes o então gerente executivo da área internacional Luiz Carlos Moreira, o então vice-presidente da Samsung Harrys Lee e o então gerente da Mitsui no Rio de Janeiro Ishiro Inaguage.

Segundo Camargo e outro delator da Operação Lava Jato, o doleiro Alberto Youssef, a Mitsui teria se associado a outras duas empresas, a Toyo e a Samsung, para alugar e construir navios-plataforma, um negócio de mais de 1 bilhão de dólares que teria sido firmado em troca de propina para diretores da Petrobras.

Camargo confessou ter intermediado contratos das duas empresas com a Petrobras e disse, em acordo de delação premiada, que houve pagamento de propina nos negócios. Ele envolveu o nome do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que nega e afirma que o empresário só o mencionou depois de pressionado pelo Ministério Público. Fernando Soares também nega o recebimento de propina, assim como o PMDB.

Apesar de admitir que Camargo atuava como representante da Samsung e ter confirmado que Inaguage foi diretor da Mitsui, Shinji Tsuchiya negou o pagamento de propina pela Mitsui. Segundo ele, a empresa nunca teve contrato com Júlio Camargo para intermediar negócios com a Petrobras.

A CPI está reunida no plenário 1.

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Reportagem – Antonio Vital
Edição – Marcos Rossi

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