Política e Administração Pública

Barusco, Duque e Vaccari serão ouvidos em acareações na CPI na quarta e na quinta

Comissão que investiga fraudes na Petrobras também terá depoimentos nesta terça-feira (7) do ex-ministro da Controladoria-Geral da União Jorge Hage; do presidente do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), Antônio Gustavo Rodrigues; e de Stael Janene, viúva do ex-deputado José Janene

06/07/2015 - 08:36  

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras planeja ouvir três depoimentos e fazer duas acareações em três dias, de terça (7) a quinta-feira (9) desta semana.

As acareações envolverão três pessoas acusadas de envolvimento no esquema de desvio de dinheiro na Petrobras: o ex-gerente da área internacional da Petrobras Pedro Barusco; o ex-diretor de Serviços da estatal Renato Duque; e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto.

Na quarta-feira (8), às 9h30, serão colocados frente a frente Barusco e Duque. Barusco, em delação premiada, admitiu ter recebido propina de empresas e acusou Duque, seu superior na época, de envolvimento de propina em nome do PT. Duque já foi ouvido na CPI e negou envolvimento. Na quinta-feira (9), também às 9h30, será a vez de Barusco e Vaccari Neto, que também já foi à CPI e nega as acusações.

Nos depoimentos anteriores, Duque e Vaccari usaram o direito de não responder perguntas que pudessem incriminá-los e podem repetir a estratégia nesta semana. Na sexta-feira (3), Duque e Vaccari obtiveram autorização do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, para não assinar termo para dizer a verdade e não responder a questões que possam autoincriminá-los. Lewandowski negou, no entanto, pedido para suspender a participação de Duque. A defesa sustentou que a acareação dele com Barusco não terá efeitos práticos e servirá para expor o ex-diretor na mídia, sendo que em outro depoimento à comissão ele permaneceu em silêncio.

Já Barusco, alegando problemas de saúde, pediu para não comparecer às acareações, mas sua solicitação foi indeferida pelo presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB).

Duque e Vaccari estão presos em Curitiba, mas o juiz federal Sérgio Moro, responsável pela condução dos inquéritos da Operação Lava Jato, autorizou a ida dos dois à CPI, acompanhados por agentes da Polícia Federal. Já Barusco, embora seja réu, está em liberdade.

Depoimentos
Na terça-feira (7), em reunião marcada para as 9h30, devem prestar depoimento o ex-ministro da Controladoria-Geral da União (CGU) Jorge Hage; o presidente do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), Antônio Gustavo Rodrigues; e Stael Janene, viúva do ex-deputado José Janene.

Jorge Hage foi convocado para responder a acusação feita pelo advogado inglês Jonathan Taylor de que a CGU não investigou suspeitas de pagamento de propina pela empresa SBM Offshore no ano passado por conta do calendário eleitoral.

Já o presidente do Coaf vai falar do sistema de controle do mercado financeiro, principalmente sobre a atuação de doleiros, usados para lavagem de dinheiro de propina pela Operação Lava Jato.

E a viúva de José Janene foi convocada para falar do relacionamento do ex-deputado com o doleiro Alberto Youssef. Youssef acusa Janene, morto em 2010, de ser o mentor do esquema de cobrança de propina na Petrobras. Devido a um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Stael Janene não terá de assinar termo de compromisso para falar a verdade e não precisará responder a questões que possam incriminá-la.

Ricardo Pessoa
A CPI quer ouvir também outro acusado, o empresário Ricardo Pessoa, dono da empreiteira UTC, mas o depoimento foi adiado depois que o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, confirmou que ele também tem o direito de permanecer calado, como explica o presidente da CPI. "A CPI fica muito dependente dessas decisões judiciais, seja com habeas corpus que possibilitam as pessoas ficarem em silêncio, seja com decisões que travam informações que são importantes para o nosso trabalho, mas resta a nós respeitar as decisões do Poder Judiciário. O ministro Teori Zavascki deu essa decisão e agora vamos aguardar. Eu irei tentar na volta do recesso uma audiência com o ministro Teori, em nome da CPI, para tentar ter acesso a essas informações", disse Hugo Motta.

Ricardo Pessoa assinou acordo de colaboração com a Justiça e as informações prestadas por ele ainda não foram liberadas.

Reportagem – Antonio Vital
Edição – Marcos Rossi

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