Política e Administração Pública

CPI da Petrobras: empresário acusa Lula de ter favorecido Odebrecht

Declarações foram refutadas pelo relator, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ)

02/07/2015 - 20:26   •   Atualizado em 02/07/2015 - 21:21

O empresário Auro Gorentzvaig, ex-acionista da Petroquímica Triunfo, disse, em depoimento à CPI da Petrobras nesta quinta-feira (2), que a empresa foi “expropriada” em benefício de uma subsidiária da empreiteira Odebrecht, a Braskem, operação que, segundo ele, teve participação ativa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Lucio Bernardo Jr. / Câmara dos Deputados
Audiência pública para ouvir o depoimento do ex-Conselheiro e Acionista da Petroquímica Triunfo, Auro Gorentzvaig
Auro Gorentzvaig disse que se encontrou com Lula em 2009

De acordo com Gorentzvaig, o objetivo “dessa ação deliberada do governo” era dar à Odebrecht o monopólio do setor. Além de Lula, ele acusou Dilma Rousseff, então presidente do Conselho Administrativo da Petrobras; Sérgio Gabrielli, ex-presidente da estatal; e Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento, de envolvimento no processo de integralização acionária que fez sua família perder o controle da petroquímica.

O empresário já tinha feito a denúncia à Procuradoria-Geral da República. “Fomos surpreendidos por essa política de monopólio, que acabou submetendo todas as indústrias petroquímicas à Braskem, da Odebrecht”, afirmou.

Gorentzvaig contou aos parlamentares que teve uma reunião com Lula, em 2009, no Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília. De acordo com o depoente, o encontro, do qual também participou Paulo Roberto Costa, ocorreu por intermédio do petista Luiz Marinho, atual prefeito de São Bernardo do Campo.

A reunião, segundo o empresário, aconteceu em meio à disputa acionista entre a Petrobras e a Petroplastic (empresa da família dele) pelo controle da Triunfo – repassado depois para a Braskem por meio de uma operação de incorporação acionária.

“O senhor disse à Justiça que Paulo Roberto Costa era o operador do ex-presidente Lula. O senhor confirma isso?”, perguntou o deputado Bruno Covas (PSDB-SP). “Pelo que eu entendo, sim”, respondeu o empresário.

Reações

Lucio Bernardo Jr. / Câmara dos Deputados
Sessão reservada para ouvir o depoimento de policiais federais. (E) Relator da CPI, dep. Luiz Sérgio (PT-RJ) e delegado de Policia Federal, José Alberto de Freitas Iegas
Luiz Sérgio (E): empresário se aproveita das denúncias da Lava Jato para buscar reparação judicial

As declarações de Gorentzvaig provocaram reações do relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), que questionou a credibilidade das informações. Ele disse que o imbróglio da família do depoente com a Petrobras era anterior à questão da Braskem: “Sua família já tinha disputas com a estatal antes e, inclusive, brigava entre si pelo controle da empresa”.

Na avaliação do parlamentar, Gorentzvaig está se aproveitando das denúncias da Operação Lava Jato para buscar reparação judicial. “Minha visão é que o senhor quer pegar carona nesse caso atual, mas a CPI não pode ser instrumento para quem, inconformado por derrota jurídica, busca obter vantagem”, declarou.

Por outro lado, a deputada Eliziane Gama (PPS-MA), autora do requerimento de convocação, protestou contra a fala de Luiz Sérgio. “O relator está tentando desestabilizar o depoente desde o início”, comentou.

Prejuízos
Auro Gorentzvaig também acusou a Petrobras de ter adquirido empresas do setor petroquímico por valores acima dos praticados no mercado e, depois, ter repassado a preços bem inferiores o controle dessas companhias à Braskem.

Segundo ele, isso teria ocorrido em relação à própria Triunfo. Gorentzvaig informou que havia um acordo pelo qual a estatal iria receber R$ 355 milhões da Petroplastic por sua parte na Triunfo, mas a Petrobras recuou e repassou suas ações à Braskem por R$ 117 milhões.

Gorentzvaig disse ainda que a Petrobras comprou a empresa Suzano Petroquímica por R$ 4,1 bilhões, o dobro do valor estimado da companhia. Ao responder pergunta do deputado Altineu Côrtes (PR-RJ), um dos sub-relatores da CPI, o empresário declarou que a Quattor (junção das petroquímicas Suzano e Unipar) foi vendida pela estatal para a Braskem por R$ 2,5 bilhões.

“Então, a Petrobras adquiriu uma empresa por mais de R$ 4 bilhões e, meses depois, repassou à Braskem por R$ 2,5 bilhões?”, insistiu o parlamentar. “Foi isso que aconteceu e eu tenho como provar”, confirmou o empresário.

Reportagem – Antonio Vital
Edição – Marcelo Oliveira

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