Saúde

Cigarros eletrônicos são porta de entrada para o tabagismo, diz associação médica

12/12/2017 - 16:35  

Cleia Viana/Câmara dos Deputados
Audiência Pública para debater o consumo e os impactos dos cigarros eletrônicos
Para especialistas, há falta de pesquisa e informação aos consumidores sobre os males do cigarro deletrônico

A Associação Médica Brasileira (AMB) advertiu nesta terça-feira (12) que os cigarros eletrônicos podem ter efeito oposto ao que seus fabricantes divulgam: em vez de ajudar as pessoas a parar de fumar, podem servir de porta de entrada para o tabagismo.

Foi o que afirmou o pneumologista Alberto José de Araújo, integrante da Comissão de Combate ao Tabagismo da AMB, em audiência pública da Comissão de Seguridade Social e Família, realizada para discutir o impacto dos cigarros eletrônicos na saúde.

“Esses cigarros eletrônicos causam dependência e não são inofensivos. A indústria está buscando meios de manter o seu negócio com discursos de reduzir riscos, mas, na verdade, visa manter o lucro e continuar disponibilizando nicotina. Do ponto de vista do conhecimento cientifico, esse produto é uma porta de entrada para o tabagismo”, afirmou.

Comércio na internet
Há nove anos a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu a comercialização, importação e propaganda dos cigarros eletrônicos, mas eles continuam sendo vendidos livremente pela internet.

Segundo o representante da Anvisa, André Luiz Oliveira, esses cigarros têm componentes cancerígenos, como o formaldeído, em concentração até 15 vezes maior do que a dos cigarros comuns.

A deputada Professora Dorinha Seabra Rezende (DEM-TO), que propôs a realização do debate, questionou a falta de informação sobre os riscos dos cigarros eletrônicos.

“Falta pesquisa, e essa é uma falha do governo brasileiro. Sabemos que fazem mal para a saúde, mas é um assunto pouco discutido. A proibição por si só não resolve”, afirmou.

Para o deputado Adelmo Carneiro Leão (PT-MG), as pessoas falam que o cigarro eletrônico é menos danoso que o tradicional por falta de informação, já que ele também causa dependência.

Qualificação profissional
Para a representante do programa de tratamento ao tabagismo do Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Stella Regina Martins, é necessário auxílio do Estado na qualificação dos profissionais e na comunicação com a sociedade.

“Temos excelentes profissionais e pouca verba para realizar estudos científicos e nos aprofundar sobre o produto. Precisamos nos comunicar mais com a população para levar os riscos e danos do cigarro eletrônico”, disse. 

Reportagem – Carolina Rabelo
Edição - Rosalva Nunes

A reprodução das notícias é autorizada desde que contenha a assinatura 'Agência Câmara Notícias'.